9 Nov 2016 1:36

O menos que se pode dizer de Pascal Bonitzer (n. 1946) é que se trata de uma figura tão discreta quanto importante na história do último meio século do cinema francês. Desde logo, como crítico de cinema, nos "Cahiers du Cinéma"; depois, como argumentista, nomeadamente de filmes de André Téchiné e Jacques Rivette; enfim, como realizador de uma obra singular e sedutora, iniciada em 1996, com "Encore".

A passagem de cinco das suas longas-metragens no Lisbon & Estoril Film Festival constitui uma oportunidade invulgar para descobrir o universo de alguém que é, afinal, acima de tudo, um grande narrador — "Pequenos Golpes" (2003) poderá simbolizar de forma exemplar o seu sofisticado gosto romanesco.



"Pequenos Golpes" é um daqueles filmes que talvez se possa definir a partir de um lema tradicional do melodrama: A ama B que ama C… Em boa verdade, trata-se da odisseia sentimental de um homem, interpretado por Daniel Auteuil, enredado numa teia feminina — Emmanuelle Devos, Ludivine Sagnier, Kristin Scott Thomas são algumas das mulheres que, por assim dizer, o confrontam com os enigmas do seu próprio desejo.

Através de uma escrita feita de alusões e subentendidos, Bonitzer reencontra uma tradição à la française a que pertencem mestres como Jean Renoir ou Max Ophüls — "Pequenos Golpes" corresponde, afinal, a uma prova de como é possível revisitar, homenagear e reinventar essa tradição.

> Nimas, dia 10, 14h00
  • cinemaxeditor
  • 9 Nov 2016 1:36

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