20 Nov 2015 0:14

Os filmes sobre as atribulações na fronteira entre o México e os EUA constituem uma espécie de sub-género da história do cinema americano — oscilam entre a crónica social e o épico histórico, por vezes explorando os esquemas do thriller, como acontece em "Sicario", a nova realização de Denis Villeneuve. E há, claro, muitos westerns: um dos mais famosos chama-se "A Quadrilha Selvagem".

A história de "A Quadrilha Selvagem" é, afinal, uma fábula sobre o fim de uma época — um grupo de marginais tenta um derradeiro golpe, precisamente na zona fronteiriça, mas já nada é como dantes: a relação de forças mudou e o heroísmo deu lugar a uma mercantilização da própria violência. Pode mesmo dizer-se que estamos perante o fim simbólico do western clássico.



Estava-se em 1969. Para o realizador Sam Peckinpah, "A Quadrilha Selvagem" correspondia ao desenvolvimento lógico de uma visão desencantada que tinha passado por títulos como "Companheiros da Morte", em 1961, "Os Pistoleiros da Noite", em 1962, e "Major Dundee", em 1965 — tratava-se de refazer o western para além das ilusões mais ou menos redentoras, filmando a violência visceral da saga do velho Oeste.

Falecido em 1984, contava 59 anos, Sam Peckinpah foi, de facto, um dos nomes vitais de todo um processo de revisão dos valores clássicos de Hollywood, no western, mas também no policial e no filme de guerra. Daí que encontremos em "A Quadrilha Selvagem" uma galeria de actores que viviam, por assim dizer, o fim da sua própria era — entre eles estão William Holden, Ernest Borgnine e o grande e muito esquecido Robert Ryan.

  • cinemaxeditor
  • 20 Nov 2015 0:14

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