Kirk Douglas como Van Gogh — as cores do pintor na paleta cinematográfica de Minnelli

29 Out 2017 15:57

O novo filme “A Paixão de Van Gogh” é a prova muito real do poder estético e simbólico da pintura do genial holandês. Mais do que isso: da sua sedução cinematográfica. São muitos, de facto, os exemplos de recriação em filme da sua dilacerada personagem, sendo inevitável destacar o retrato assinado por Vincente Minnelli em 1956: “Lust for Life” no título original, entre nós “A Vida Apaixonada de Van Gogh”.

O filme é muitas vezes recordado pela extraordinária semelhança física do intérprete de Van Gogh, ou seja, Kirk Douglas, com os auto-retratos do pintor. É, de facto, um efeito fortíssimo, mas seria precipitado reduzir o brilhantismo do filme a um efeito de imitação mais típico de telefilme — estamos perante uma viagem pela intimidade da pintura, do desejo de pintar.



Kirk Douglas, como Van Gogh, contracena com Anthony Quinn, no papel de Paul Gauguin — é um confronto de sensibilidades que condensa as convulsões do pós-impressionismo, na segunda metade do século XIX. Ou seja: a procura da sensualidade das formas perante a tendência para a abstracção. Para a história, ambos obtiveram nomeações para os Oscars, mas só Anthony Quinn ganhou, na categoria de melhor actor secundário.

Estava-se em 1956. Hollywood vivia os derradeiros tempos do seu apogeu clássico e não há dúvida que “A Vida Apaixonada de Van Gogh” ficou como um símbolo exemplar desse contexto. O filme ostenta, afinal, a assinatura de um dos mestres do classicismo, Vincente Minnelli, quase sempre lembrado apenas pelos seus musicais — pois bem, à sua maneira, Minnelli filmou a música interior, convulsiva e fascinante, trágica e poética, de Vincent Van Gogh.

  • cinemaxeditor
  • 29 Out 2017 15:57

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