Viggo Mortensen, Oscar Isaac e Kirsten Dunst: na Grécia, sob o signo de Patricia Highsmith


joao lopes
30 Out 2014 22:23

As adaptações de Patricia Highsmith (1921-1995) pertencem à mais nobre tradição do "thriller". Além do mais, convém não esquecer que os seus romances foram filmados por nomes como Alfred Hitchcock ("O Desconhecido do Norte Expresso", 1951), Wim Wenders ("O Amigo Americano", 1977) ou Claude Chabrol ("O Grito do Mocho", 1987).

Enfim, face à adaptação de "As Duas Faces de Janeiro", primeira longa-metragem de Hossein Amini (cineasta britânico nascido no Irão), o menos que se pode dizer é que, apesar das suas competências, não será um título para entrar naquela galeria de notáveis.
A história do casal americano (Viggo Mortensen/Kirsten Dunst) que, em Atenas, conhece um guia turístico (Oscar Isaac) envolvido em pequenos golpes contém todos os ingredientes típicos de Higsmith — a começar pela estranha fusão que parece consumar-se entre as duas personagens masculinas —, mas é tratada num tom "ilustrativo" de telefilme, aplicado, seguro, mas sem chama.
Os actores são o melhor do filme. O certo é que encontramos, aqui, um problema comum a muitas adaptações de romances: por um lado, o tempo de exposição é bastante sóbrio e controlado, conferindo à primeira metade do filme um mínimo de envolvente suspense; por outro lado, a resolução das tensões acumuladas acaba por ser abordada num tom algo apressado e maniqueísta que, por fim, esbanja as energias acumuladas.

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