O esquilo Scrat em


joao lopes
21 Jul 2016 19:53

E se o efeito de saturação e cansaço que tem marcado muitos títulos de "super-heróis" estivesse também a afectar os domínios da animação cinematográfica? A pergunta decorre de uma evidência que, há muitos anos, se renova no período do Verão — são, de facto, essas duas vertentes de produção que tendem a dominar o mercado (ou, pelo menos, a receber um maior apoio promocional).

Assim, depois da sensação de rotina mais ou menos preguiçosa deixada por "À Procura de Dory", deparamos com algo semelhante em "A Idade do Gelo: o Big Bang" (quinto título de uma série iniciada em 2002). E escusado será dizer que a repetição pouco inventiva de formatos e fórmulas pode afectar a criatividade da produção dos respectivos estúdios — Pixar/Disney no primeiro caso, 20th Century Fox no segundo.
Digamos, então, que se trata de prolongar as atribulações de um consagrado grupo de animais — incluindo o irresistível esquilo Scrat e a sua bem amada bolota — e da comunidade em que vivem, em plena "Idade do Gelo". Com duas limitações essenciais: a utilização de Scrat como mero "pretexto" para a história que o filme vai contar e, sobretudo, a redução do argumento a uma acumulação de "números" que confundem velocidade com invenção, com crescente dificuldade para garantir o efeito de surpresa que arduamente procuram.
Tal como em "À Procura de Dory", parece triunfar aqui um estilo algo esquemático que confunde a criação de emoções com a colagem de gags mais ou menos devedores de uma estafada retórica de stand-up comedy. Como se toda a gente tivesse esquecido uma velha lição de Walt Disney: mesmo nos desenhos animados (sobretudo nos desenhos animados), a consistência do filme começa no labor específico do argumento.

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