Kristin Scott Thomas e Gary Oldman — uma convencional evocação histórica


joao lopes
10 Jan 2018 23:33

Que dizer de Winston Churchill (1874-1965)? Pois bem, que é uma excepcional referência histórica, um daqueles líderes capaz de mobilizar um país e, em condições absolutamente dramáticas — como foi o avanço das tropas hitlerianas em 1939-40 —, fazer frente a todas as adversidades, criando condições para ripostar e vencer.

Daí a pergunta cinematográfica que se impõe: será que essa grandeza simbólica da personagem garante, por si só, a consistência de um filme? A resposta, como bem sabemos, é negativa e não seria necessário um filme como "A Hora Mais Negra" para o compreendermos. Em todo o caso, este retrato superficial, e superficialmente formalista, assinado por Joe Wright, nem sequer consegue evocar a admirável tradição do filme histórico no interior da produção britânica.
Gary Oldman bem se esforça para garantir alguma consistência à personagem. O certo é que, também ele, porventura manietado pelo peso da maquilhagem que lhe colocaram, tende a representar Churchill como uma marioneta mais ou menos bem disposta num mundo (político, militar, etc.) reduzindo a uma dimensão superficial, dir-se-ia caricatural.
Não faltam em tudo isto inequívocos índices de competência, incluindo Kristin Scott Thomas, no papel de Clemmie, mulher de Churchill, Bruno Delbonnel, na direcção de fotografia, ou Dario Marianelli, na composição da banda sonora. O certo é que "A Hora Mais Negra" se vai parecendo com um vulgar telefilme de "evocação" histórica, sem que os "luxos" de produção possam contrariar a vulgaridade das suas opções narrativas.

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