Colin Firth e Stanley Tucci — há mais mundos para lá dos super-heróis...


joao lopes
19 Jun 2021 1:09

Cinema "psicológico"? A dúvida, talvez o preconceito, obrigam-nos a usar as aspas… E, no entanto, um filme como "Supernova", escrito e realizado por Harry Macqueen, é um legítimo herdeiro de uma nobra tradição dramática e melodramática. Mais do que isso, transversal, isto é, pontuando cinematografias das mais variadas origens geográficas e culturais — de Inglaterra, por exemplo.

Num contexto em que os filmes de super-heróis e as aventuras mais ou menos galácticas têm todos os privilégios promocionais, importa destacar a solidão de um filme como este.
Acima de tudo, "Supernova" vem lembrar-nos que há um cinema que se faz, não de ostentações tecnológicas, mas da amostragem da complexidade dos laços humanos.

 


Numa sinopse rudimentar, podemos dizer que esta é a história de um casal formado por dois homens — um deles foi diagnosticado como sofrendo de demência e ambos tentam preparar-se para dias cada vez mais difíceis. O resultado poderia ser pesadamente simbólico, mas é, sobretudo, delicadamente realista. Dito de outro modo: não um filme "sobre" o amor homossexual, não um ensaio "sobre" como enfrentar uma doença drástica. Ou ainda: não uma generalização esquemática, antes uma história de seres humanos, vivos e comoventes…

O filme acompanha uma viagem desses dois homens unidos pelo amor, assombrados pela doença — vão visitar familiares e amigos e todos sabem que aquela viagem pode ser a última que fazem em conjunto. Harry Macqueen encena tudo isso com contenção e pudor, apostando forte nos trunfos humanos, precsiamente. Que é como quem diz: nos seus actores principais — Colin Firth e Stanley Tucci são magníficos, raras vezes os vimos tão incisivos e, ao mesmo tempo, tão vulneráveis.

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