1959 — Emmanuelle Riva em

29 Jan 2017 0:18

Símbolo perfeito de um cinema francês ligado às transformações da Nova Vaga, Emmanuelle Riva manteve-se activa até ao final da sua vida: faleceu no dia 27 de Janeiro, em Paris, vítima de cancro — contava 89 anos.

Os dois títulos emblemáticos da filmografia de Riva têm a ver com o amor:
* HIROSHIMA, MEU AMOR (1959) — realizado por Alain Resnais, foi um dos filmes que, simbolicamente, lançou a Nova Vaga francesa, a par de "O Acossado", de Jean-Luc Godard, e "Os 400 Golpes", de François Truffaut (ambos também de 1959): com Eiji Okada, ela descobria nas ruínas de Hiroshima, não apenas as memórias da bomba atómica, mas também o desejo radical de preservação do factor humano para além dos horrores da história colectiva.
* AMOR (2012) — contracenando com Jean-Louis Trintignant, sob a direcção de Michael Haneke, este retrato íntimo de um casal viria a ser distinguido com o Oscar de melhor filme estrangeiro (em representação da Áustria); Riva obteve uma nomeação para o Oscar de melhor actriz, transformando-se na actriz mais idosa (85 anos) nomeada para essa categoria; nos Césars, foi consagrada com o prémio de melhor actriz [video: cerimónia dos Césars].

Foi na década de 60 que participou nos seus filmes mais emblemáticos, incluindo "Kapò" (Gillo Pontecorvo, 1960), sobre uma rapariga judia que lidera uma tentativa de fuga de um campo de concentração e "O Pecado de Teresa" (Georges Franju, 1962), drama baseado no romance "Thérèse Desqueyroux", de François Mauriac [video: cena com Philippe Noiret].



A partir dos anos 70, passou a trabalhar menos para cinema (experimentando algumas derivações televisivas), embora nunca tenha deixado de ser uma presença regular nos ecrãs. Filmou, por exemplo, sob a direcção de Jean-Pierre Mocky ("Y a-t-il un Français dans la salle?", 1982), Philippe Garrel ("Liberté, la Nuit", 1984) e Krzysztof Kieslowski ("Três Cores: Azul", 1993).
Também com uma longa carreira nos palcos, regressara ao Théâtre de l’Atelier (Paris), em 2014, para interpretar "Savannah Bay", de Marguerite Duras. Em anos recentes, além do já citado "Amor", vimo-la, por exemplo, em "O Verão do Skylab" (2011), de Julie Delpy.
  • cinemaxeditor
  • 29 Jan 2017 0:18

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