O dinossauro Arlo e o seu amigo Spot — desenhos Pixar com chancela dos estúdios Disney


joao lopes
25 Nov 2015 23:53

Será que existe uma contradição latente entre a criatividade dos estúdios Pixar e o império da Walt Disney Company? Não há, por certo, uma resposta única, muito menos definitiva, a tal interrogação. Em todo o caso, um título como "A Viagem de Arlo" pode justificar a sua (re)formulação: desde que a Disney adquiriu a Pixar (em 2006, por 7,4 mil milhões de dólares), será que os seus filmes têm a sua identidade posta em causa?

Realizado por Peter Sohn, "A Viagem de Arlo" (título original: "The Good Dinosaur") é, de facto, um objecto híbrido. Por um lado, há nele um espírito de aventura alicerçado na aliança que se estabelece entre o pequeno Arlo, o dinossauro medroso que perde o pai, e o ainda mais pequeno Spot, uma criança da Idade da Pedra. Por outro lado, dir-se-ia que o filme vai cedendo a certos esquemas "sentimentais" que parecem estranhos aos próprios elementos dramáticos que coloca em jogo.
O trabalho específico de animação revela, como é óbvio, a sofisticação a que a Pixar chegou na aplicação dos recursos próprios do desenho digital. Ao mesmo tempo, parece haver um deficiente labor de argumento, sobretudo quando algumas situações surgem mais para exibir "números" mais ou menos espectaculares do que para sustentar a dinâmica interna da história de Arlo e Spot.
No seu carácter paradoxal, os resultados possuem um curioso contraponto na curta-metragem que antecede "A Viagem de Arlo". Chama-se "Sanjay Super Equipa", foi realizada por Sanjay Patel, e encena de forma exuberante os momentos de oração de uma criança hindu e do seu pai. Será que o futuro da Pixar está mais no academismo de "A Viagem de Arlo" ou na experimentação de "Sanjay Super Equipa"? Podemos até supor que, na encruzilhada da Pixar, ambos os vectores encontrarão novas formas de equilíbrio… Em qualquer caso, "Sanjay Super Equipa" [clip aqui em baixo] é o melhor desta estreia.

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