Sally Hawkins sob a direcção de Mike Leigh — burlesco e subtileza emocional

23 Jan 2015 2:15

No seu filme mais recente, "Mr. Turner", Mike Leigh faz o retrato de um pintor num tom que tem tanto de crónica histórica como de especulação sobre a criação artística e o papel social da arte. O certo é que ele é um cineasta de enorme versatilidade, capaz de se exprimir, por exemplo, no registo contagiante da comédia de costumes — um belo exemplo poderá ser "Um Dia de Cada Vez", uma produção de 2008.

Tudo se passa em torno de Poppy, uma professora primária cheia de energia, sempre empenhada em transmitir vibrações positivas. Não é fácil, quanto mais não seja porque as relações com os outros nem sempre correspondem às suas expectativas mais ou menos cândidas — mas algo começa a mudar quando ela decide aprender a dançar flamenco…
"Um Dia de Cada Vez" é a demonstração eloquente de como a visão do mundo de Mike Leigh sabe explorar os mais diversos registos, ligeiros ou dramáticos, sem nunca perder as marcas do seu realismo. Ele é, afinal, alguém que se interessa pela complexidade, pelas emoções e contradições das suas personagens, mesmo quando, ou sobretudo quando, as vemos como pessoas normais. 
Como sempre, o cinema de Mike Leigh envolve actores brilhantes, brilhantemente dirigidos. Provavelmente, para muitos espectadores, Sally Hawkins é um actriz descoberta em 2013, no filme "Blue Jasmine", de Woody Allen (em que ela fazia o papel de irmã de Cate Blanchett). O certo é que é essa mesma Sally Hawkins que dá vida a esta Poppy, de Mike Leigh, num tom que tem tanto de burlesco como de subtileza emocional.
  • cinemaxeditor
  • 23 Jan 2015 2:15

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