O actor Bengt Ekerot, na companhia de Bergman, durante a rodagem de


joao lopes
28 Dez 2018 22:32

Não se pode dizer que, ao longo do ano, tenham faltado referências ao universo de Ingmar Bergman (1918-2007), directa ou indirectamente justificadas pelo centenário do seu nascimento — bastará consultar o seu site oficial para compreendermos a dimensão global das iniciativas que assinalaram a data.

Ainda antes do final do ano, chega às salas portuguesas aquele que ficará, por certo, como um dos documentários mais úteis que se fizeram sobre o realizador de títulos tão importantes como "Mónica e o Desejo" (1953), "Persona" (1966) ou "Da Vida das Marionetas" (1980). De que utilidade falamos? Pois bem, da capacidade de situar a obra a partir, ou melhor, através da vida vivida.


O título "Bergman – Um Ano, uma Vida" quase parece a formulação de um enigma mais ou menos esotérico. Em boa verdade, constitui uma premissa eminentemente didáctica: a realizadora Jane Magnusson parte do ano de 1957 — e, em particular, dos dois filmes que o mestre sueco assinou nesse ano: "O Sétimo Selo" e "Morangos Silvestres" — para desenhar um "puzzle" que tem tanto de metódico como de envolvente.

Vogamos, assim, através de todas fases da carreira de Bergman, sem esquecer os seus muitos e fundamentais trabalhos em teatro. A montagem do filme possui a agilidade suficiente para traçar uma memória não linear, nunca nos fazendo perder a visão global de um corpo criativo realmente fora de série. No limite, compreendemos que a alegria e a tristeza, os medos e os fantasmas dos filmes de Bergman desenham um cativante, muitas vezes secreto, auto-retrato.

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