Vonnie (Kristen Stewart) e Bobby (Jesse Eisenberg): o par romântico num cenário californiano.

12 Mai 2016 1:14

Aos 80 anos Woody Allen
regressou a Cannes, marcando presença na abertura do festival com um filme sobre
o cinema e a época das comédias de Hollywood. O realizador assume um romantismo
maduro, pragmático, desenvolvendo um triângulo amoroso e abrindo a possibilidade
de um casal estabelecer uma relação a partir de enganos e infidelidades.

Vonnie (Kristen Stewart) e Bobby (Jesse Eisenberg) formam o par de jovens
emigrados em Los Angeles à procura de uma oportunidade no mundo do cinema.
Bobby partiu de Nova Iorque, o que permite a Woody Allen viajar entre os dois
locais acentuando as diferenças sociais e culturais duas cidades.

O realizador projeta-se na personagem de Jesse Eisenberg, nova iorquino de origem judia,
ingénuo mas desenrascado, que se cansa
rapidamente da frivolidade e dos relacionamentos oportunistas no meio do cinema
– é uma forma de o realizador nova iorquino marcar uma posição e um
distanciamento em relação a Hollywood num filme que parece saído dos anos 30,
que se assume como um objeto feito para ser apreciado como uma comédia daquela
época.

Woody Allen continua ausente de cena mas desta vez opta por assumir o papel de narrador da história romântica que foi
construída como uma espécie de livro. É interessante ouvi-lo, o que é algo raro e que sucedeu em apenas quatro filmes, nomeadamente em "Os Dias da Rádio". Há uma semelhança
com essa comédia, porque "Café Society" rodeia as suas personagens principais de figuras
secundárias interessantes e diferentes, como estrelas de cinema, agentes e
produtores, gangsters, mulheres ambiciosas e milionários.

Visualmente este é um filme distinto porque Woody Allen dirigiu pela primeira
vez em digital e com o diretor de fotografia Vittorio Storaro, idealizando a
luz calorosa de Los Angeles e a textura mais fria dos espaços mais urbanos de Nova Iorque.

"Cafe Society" foi um
escolha confortável para inaugurar o festival de Cannes. É a terceira vez de
Woody Allen, que já tinha tido essa honra com "Meia-Noite em Paris" (2012) e
"Hollywood Ending" (2002). Valor seguro que garante um compromisso seguro entre
arte e entretenimento. 

  • cinemaxeditor
  • 12 Mai 2016 1:14

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