Os heróis de


joao lopes
12 Jan 2018 23:39

Será que ainda há filmes que possamos ver e, sobretudo, querer ver apenas porque são filmes sensíveis, inteligentes, tocando em temas universais?… Será que ainda temos mente e disponibilidade para ver um filme, não pelos efeitos especiais que aplica, nem pelos prémios que ganhou ou pode ganhar?… A resposta é afirmativa — "Pop Aye", co-produção Singapura/Tailândia é um desses filmes.

Realizado por Kirsten Tan, uma jovem cineasta de Singapura, "Pop Aye" é a história insólita de um arquitecto de nome Thana (Thaneth Warakulnukroh) que, um dia, num espectáculo de rua, redescobre Pop Aye, o elefante que conheceu na infância, na sua aldeia — uma memória calorosa que o faz repensar nas alegrias desse tempo, em contraste com as regras de competição e lucro do universo profissional em que se move.



O reencontro é de tal modo emocionante que Thana decide comprar Pop Aye ao seu dono e empreender uma viagem até à sua aldeia, para devolver o elefante ao seu elemento natural (Thana dera-lhe o nome, por associação com uma cena de um desenho animado de Popeye que, em criança, viu na televisão). O filme de Kirsten Tan é, afinal, o relato dessa viagem de regresso às origens, na procura de uma felicidade distante, à beira da utopia…

"Pop Aye" distingue-se, acima de tudo, como um filme que acredita na história que está a contar: as motivações das personagens, o desencanto dos lugares por onde passam, enfim, a nostalgia de uma natureza primordial definem, afinal, uma singela fábula sobre os prós e contras da civilização. E para que não se diga que estamos perante um filme "anónimo", sem qualquer reconhecimento, lembremos que "Pop Aye" passou no prestigiado Festival de Sundance, aí arrebatando o prémio de melhor argumento na categoria de drama.

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