Daisy Ridley, intérprete de Rey — uma actriz que merece outras galáxias


joao lopes
14 Dez 2017 2:17

Não é por acaso que, cada vez que aparece um novo título da saga "Star Wars", temos a sensação de que, no plano mediático, tudo se reduz a um gigantesco clube de fãs… Gigantesco, é certo, planetário mesmo. Mas tendo em conta a maioria das "mensagens" inerentes às respectivas celebrações, há muito entusiasmo em torno de actores, gadgets e curiosidades mais ou menos infantis, mas quase ninguém fala de cinema…

Não é por acaso. Como se confirma pelo novo "Star Wars: Os Últimos Jedi", dirigido por Rian Johnson, o que se procura é uma espécie de contínua (?) celebração em que a acumulação de proezas técnicas surge como o principal — para não dizer o único — trunfo de espectáculo. Mais do que isso: com a passagem da Lucasfilm para os estúdios Disney, parece haver especial empenho numa única directriz: gerar uma nova galeria de heróis que, acima de tudo, vá alimentando sequelas, continuações e derivações.
Escusado será dizer que tudo isso é executado com a sofisticação de uma poderosa máquina de produção que, aliás, desta vez, pelo menos, aposta num trabalho cenográfico mais requintado do que em títulos anteriores — observe-se, em particular, a concepção da sala do trono de Snoke (Andy Serkis). Ao mesmo tempo, prevalece uma narrativa que confunde repetição e redundância com intensidade dramática (as duas horas e 32 minutos de duração são absolutamente excessivas para a densidade dramatúrgica daquilo que o filme tem para oferecer).
A somar a tudo isso, deparamos com uma direcção de actores francamente irregular, a ponto de ser banalizada a personagem (supostamente tensa e contraditória) de Kylo Ren, interpretada por um ansioso Adam Driver, claramente à deriva na "maldade" que tenta figurar… Fica o adeus nostálgico de Carrie Fisher (1956-2016), a assumir pela derradeira vez a Princesa Leia e também a confirmação de que Daisy Ridley, intérprete de Rey, é (ou poderá vir a ser) uma genuína actriz de composição — o seu talento justifica e merece outras galáxias, quer dizer, uma verdadeira diversificação de carreira.

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