Checco Zalone (com a mão no queixo): um cómico que se assume também como argumentista


joao lopes
11 Ago 2016 2:44

Subitamente, a comédia italiana. Não apenas "uma" comédia italiana, mas algo que nos faz lembrar que "a" comédia italiana constitui, de facto, uma nobre e fascinante tradição do cinema europeu, tendo sido marcada por autores como Mario Monicelli e Dino Risi, actores como Totò, Marcello Mastroianni, Ugo Tognazzi, Vittorio Gassman ou Nino Manfredi.

"Quo Vado?", entre nós apelidado "Quo Vado ou Já Foste!", não tem, por certo, o fulgor dos seus antepassados, em particular dos anos 50/60, mas não deixa de ser uma aposta simpática na possibilidade de (re)construir um certo cenário cómico que começa numa meticulosa observação dos tiques sociais. E é significativo que Checco Zalone, o protagonista, partilhe a autoria do argumento com o realizador Gennaro Nunziante.




A história de Checco (Checco Zalone) pode definir-se como uma parábola cáustica sobre um tempo (o nosso) em que as formas clássicas de emprego são regularmente ameaçadas pelas transformações tecnológicas das nossas sociedades. Ele é, afinal, alguém que fará tudo (ou quase…) para não perder esse tão mágico emprego, voluntariamente ou não questionando os princípios de trabalho que o enquadram.
Não poucas vezes, o filme parece mais empenhado em criar "números" mais ou menos espalhafatosos que não favorecem a sua consistência narrativa e aquilo que poderíamos chamar o seu perverso gosto caricatural. Em todo o caso, "Quo Vado?" fica como um exemplo de um cinema de raiz popular que valia a pena ter maior exposição no mercado português — vindo de Itália e outros países europeus.

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