John Hurt, Chris Evans e Jamie Bell: actores de língua inglesa, produção coreana


joao lopes
26 Jul 2014 2:18

Manda o bom senso que se diga que o ponto de partida de "Expresso do Amanhã" (título original: "Snowpiercer") é bem sugestivo. Trata-se de adaptar uma ideia vinda  de "Le Transperceneige" (1982), novela gráfica francesa de Jacques Lob and Jean-Marc Rochette situada num futuro mais ou menos próximo em que, depois de uma catástrofe ecológica, a Terra se tornou um planeta de temperaturas negativas, com os sobreviventes em infinito (?) movimento num comboio…

Resta saber se estamos perante um filme que, de facto, acredita na história que tem para contar ou, pelo contrário, se limita a tentar "encaixar" em meia dúzia de clichés das aventuras mais ou menos "apocalípticas"… Infelizmente, os resultados são de uma desconcertante monotonia de ideias, parecendo satisfazer-se com a elaboração de uma "parábola" existencial em que a competência técnica não é acompanhada por um genuíno fulgor criativo.
A maior curiosidade provém do facto de estarmos perante um produto híbrido. Mais exactamente, "Expresso do Amanhã" é um filme da Coreia do Sul apostado em corresponder a modelos mais ou menos ocidentais, para tal começando por recorrer a actores de língua inglesa como Chris Evans (o "Capitão América" de vários títulos recentes), Tilda Swinton, Jamie Bell e John Hurt.
Bong Joon-Ho, o realizador, assinou um épico de terror, "The Host" (2006), que obteve bons resultados nos mercados estrangeiros — aqui, ele quer dar o salto para uma outra dimensão de produção, e também de ambição simbólica, mas não será o salto maior que a perna?…

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