Mathias Renou e Carol Combes: um primeiro amor numa época revolucionária.


tiago alves
15 Mai 2014 18:28

A revolução ainda paira no ar. Olivier Assayas retoma a evocação da década de 70 para retratar a geração que cresceu e viveu os anos seguintes ao maio de 68, e que ainda experimentou o único período revolucionário francês do século XX.

É um filme de memória, centrado na sua vivência e experiência pessoal, que pretende observar um período radical onde a juventude se movia por ideais e salientar que isso atropelou algumas aspirações mais pessoais.

Centrado em quatro personagens que partem de Paris para diferentes pontos da Europa, em pleno verão de 1971, Olivier Assayas evoca uma época onde os jovens estavam sufocados pela dinâmica dos acontecimentos e pela responsabilidade política com a sociedade em que viviam.

Além de retrarar esse período, o filme define uma etapa triste e melancólica desta geração, marcada por vivências muito intensas e de libertação sexual que favoreceram descobertas amorosas muito marcantes e ruturas decisivas.

É um filme que celebra o movimento underground e a energia criativa da juventude, capaz de alimentar, através do cinema, das artes plásticas e da música, uma contracultura que influenciou toda a sociedade.

Sem ponta de nostalgia e com imenso sentido pragmático na evocação justa da época, Assayas evidencia, com este filme, como esse movimento foi importante para a definição de alguns ideiais e princípios que marcaram o século passado.

"Depois de Maio" surge como uma espécie de complemento do seu filme anterior, a obra biográfica sobre Carlos, o chacal, que protagonizou algumas da ações terroristas mais impressionantes das décadas de 70 e 80. E em ambos existem bons valores de produção na reconstituição de época, há personagens bem definidas, e um enorme cuidado numa narrativa romanesca.

Foi um dos filmes mais consistentes da seleção oficial do Festival de Veneza 2012, onde recebeu o prémio de argumento.

+ críticas