Eva Green e Asa Butterfield lidam com as


joao lopes
30 Set 2016 14:15

Nenhum realizador de cinema, seja qual for a dimensão da sua obra, está obrigado a repetir-se ou, de alguma maneira, a confirmar o que dele possamos esperar.

O certo é que há "desvios" que não podem deixar de suscitar alguma perplexidade. Tim Burton tem sido, precisamente, um criador a suscitar tal perplexidade — para onde vão os seus filmes?

"A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares"

 parecia ter todas as condições para ser um grande acontecimento na trajectória de Burton: uma adaptação de um "best-seller" (Ransom Riggs), um elenco de luxo (liderado por Eva Green), uma história genuinamente fantástica, dir-se-ia à medida do cineasta…

Estamos perante uma daquelas fábulas que, quanto mais avança no domínio da fantasia e do mistério, mais convoca algumas perturbantes referências históricas — esta é, afinal, a saga de uma misteriosa senhora, Peregrine (Green), que recolhe crianças com dotes peculiares, tendo por pano de fundo as convulsões da Segunda Guerra Mundial.
Infelizmente, o filme parece ter duas partes distintas, como se não tivesse sido concebido e executado pela mesma pessoa. Assim, começamos por acompanhar a odisseia de Jake (Asa Butterfield, que vimos em 2011, em "A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese), na descoberta do mundo insólito e fascinante de Peregrine; a partir de certa altura, dir-se-ia que entramos num filme de "acção", mais ou menos contaminado pelos clichés de super-heróis…
É bem provável que Burton queira contrariar as nossas próprias expectativas e procurar um cinema de outros caminhos conceptuais e espectaculares. O certo é que, mesmo na sua evidente competência de execução, o exemplo de "A Senhora Peregrine" deixa a sensação de uma dramática indefinição.
Para onde vai o cinema de Tim Burton?… De facto, não sabemos. Entretanto, as notícias dizem-nos que ele está a trabalhar num remake de "Beetlejuice" (1988), afinal o filme que mais terá ajudado a definir a sua imagem de marca.

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