Hugo Weaving e Nicole Kidman — duas magníficas interpretações para um filme-revelação


joao lopes
6 Ago 2015 0:58

Descobertas do Verão cinematográfico?… Talvez possamos colocar "Em Terra Estranha" (título original: "Strangerland") entre as principais, arriscando mesmo dizer que o nome da sua realizadora, Kim Farrant, vai voltar a ser muito falado.

Porquê? Porque é sempre estimulante encontrar um filme que parte de pressupostos mais ou menos convencionais — o desaparecimento dos dois filhos adolescentes de um casal que vive numa pequena e agreste cidade da Austrália, assombrada por paisagens desérticas — para experimentar derivações, no mínimo, arriscadas.



De facto, o filme tem tudo aquilo que poderia justificar um desenvolvimento mais ou menos formatado, inevitavelmente previsível. O certo é que, à medida que a acção avança, sentimos que se instala uma espécie de paragem no tempo… Dir-se-ia que se sabe cada vez menos e, no entanto, a perturbação (vinda do passado) é cada vez maior.
Mérito, sem dúvida, de uma mise en scène que não ilude o espectador com "gratificações" simplistas, apostando antes no desenho de uma teia de inquietações em que, por assim dizer, cada personagem é confrontada com aquilo que nunca foi verbalizado — "Em Terra Estranha" é um drama social que, afinal, se descobre como uma saga visceral, intimista, porventura inconfessável.
Nicole Kidman e Joseph Fiennes são os intérpretes do casal e é inevitável sublinhar, uma vez mais, a capacidade que ela revela na construção de uma personagem que evolui de uma presença quase decorativa para uma intensidade invulgar. Enfim, não esqueçamos Hugo Weaving, no papel do detective que investiga o caso, mostrando que, apesar dos "blockbusters" que o tornaram conhecido (ou precisamente por causa disso), merece ser conhecido e reconhecido como um actor de rara sensibilidade e subtileza.

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