joao lopes
9 Set 2016 2:54

Não há dúvida que, desde o impacto planetário de "O Rei Leão" (e já foi em 1994!), a evolução dos desenhos animados tem sido fulgurante, quer em termos técnicos, quer no domínio artístico — e também, claro, no plano comercial. Apesar disso, ou precisamente por causa disso, importa não reduzir a história destas duas décadas às referências mais óbvias da Disney ou da Pixar.

Claro que desses estúdios têm vindo algumas maravilhas (e também desilusões, como o recente "À Procura de Dory"). Mas é um facto que outros estúdios têm mantido uma actividade meritória, mesmo se nem sempre sancionada por grandes campanhas promocionais. Os estúdios Laika estão entre essas entidades que merecem não ser ignoradas no movimento mais ou menos atribulado dos mercados.
Depois de títulos como "Coraline" (2009) e "ParaNorman" (2012), Laika lança agora "Kubo e as Duas Cordas", produção que, além do mais, marca a estreia na realização de Travis Knight (um dos dos directores dos estúdios, já com trabalho de animador em títulos anteriores). E o menos que se pode dizer é que estamos perante uma bela fábula sobre a descoberta de identidade por um pequeno herói, Kubo, que utiliza as técnicas do "origami" japonês (manipulando o papel) como via de entrada num mundo mágico.
Contando com as vozes de Charlize Theron, Ralph Fiennes, Rooney Mara e Matthew MacConaughey — além de Art Parkinson (14 anos), no papel de Kubo —, esta é uma viagem de descoberta das raízes familiares e simbólicas, delicadamente pontuada pela música de Dario Marianelli. Por um lado, a importância da matéria musical confere ao filme uma inequívoca dimensão clássica; por outro lado, o visual inspirado no "origami" e numa iconografia muito japonesa torna-o um objecto bem distinto dos padrões dominantes no panorama actual da animação.

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