Pac-Man invade a Terra —


joao lopes
3 Ago 2015 0:00

Infelizmente, não há muito a dizer sobre um filme como "Pixels". E infelizmente porque, na sua génese, parece estar uma curiosa ideia de celebração das raízes da cultura popular dos videojogos.

Ou seja: esta é a história de um grupo de amigos, especialistas dos jogos dos anos 80/90, praticados em lugares públicos ("arcades"), que se reencontram no nosso presente, enfrentando as consequências inesperadas da sua experiência juvenil…

Vogamos, afinal, no domínio da comédia mais ou menos fantástica, mais ou menos burlesca: acontece que, quando os protagonistas participaram nos seus campeonatos, foi enviada uma mensagem para outras galáxias, dando conta das actividades lúdicas dos seres humanos… Cerca de trinta anos mais tarde, os extraterrestres tomaram os videojogos à letra, isto é, como uma declaração de guerra.
Com alguma ironia, podemos dizer que se trata de uma daquelas ideias de argumento "nem boa, nem má"… Que é como quem diz: depende daquilo que com ela se fizer. E o que com ela faz o realizador Chris Columbus é, no mínimo, confrangedor.
Antes do mais, no plano meramente técnico: a utilização de referências iconográficas de vários jogos (Pac-Man, Space Invaders, Donkey Kong) é quase desastrada, emprestando ao filme um tom amadorístico incompatível com o seu orçamento de mais de 100 milhões de dólares (incluindo 20 gastos na respectiva promoção). Depois na indigência da construção narrativa, incapaz de encontrar o tom equilibrado entre a nostalgia da memória e o humor que, supostamente, a acção deve conter.
Chris Columbus, o cineasta que lançou a série "Sozinho em Casa" (1990), nem sequer consegue por em prática a agilidade espectacular que, apesar de tudo, o distinguia. Além disso, "Pixels" implica um passo mais na decomposição da carreira do protagonista, Adam Sandler. Dir-se-ia que o actor está condenado a interpretar "apenas" papéis mais ou menos juvenis, mesmo quando, como é o caso, assume personagens adultas… É pena porque, em última instância, a sensação que fica é de um imenso desperdício industrial, técnico e artístico.

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