joao lopes
25 Jan 2015 17:07

Terá um actor como Chris Hemsworth a capacidade de sustentar um "thriller" com a mesma intensidade e subtileza de Russell Crowe, Al Pacino, Robert De Niro ou Tom Cruise?…

A pergunta justifica-se face a "Blackhat: Ameaça na Rede", quanto mais não seja porque o seu realizador, Michael Mann, já trabalhou com todos esses actores (em "O Informador", "Heat" e "Colateral").

A resposta é dramaticamente negativa: Hemsworth tende a reproduzir uma pose de raiz mais ou menos publicitária, em que uma certa "neutralidade" da presença (sem dúvida bem controlada) mascara a incapacidade de grandes nuances psicológicas ou emocionais. Dir-se-ia que a sua personagem de hacker, especialista nos mais remotos enigmas dos circuitos informáticos, não passa de um cliché ambulante que, na melhor das hipóteses, contribui para uma certa agitação visual do filme.
Em boa verdade, a performance de Hemsworth é apenas um sintoma do problema de fundo que parece assombrar o cinema de Mann. Com uma intriga mais ou menos minimalista e pouco mobilizadora (a personagem de Hemsworth é retirada da prisão para ajudar a resolver um problema de pirataria intercontinental), "Blackhat" vai-se reduzindo a um espectáculo maneirista, sem dúvida vistoso, mas tão repetitivo quanto monótono.
Faz sentido dizer, em defesa do inegável know how que "Blackhat" exibe, que nenhum cineasta está obrigado a repetir o que já fez. É um facto. Mas mesmo que nos esqueçamos da excelência de outros filmes de Mann, desta vez não podemos deixar de observar que qualquer funcionário aplicado poderia ter assinado as diabruras superficiais de "Blackhat".

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