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Deputados exigem dados sobre mina de urânio a céu aberto em Espanha

por RTP
Os deputados têm previstas reuniões com autarcas e representantes de diferentes entidades espanholas Morris MacMatzen - Reuters

Uma delegação de deputados portugueses está esta segunda-feira em Espanha com a missão de avaliar o impacto da instalação de uma mina de urânio a céu aberto perto da fronteira de Almeida. Trata-se da mina de Retortillo, em Salamanca.

As autoridades portuguesas estão preocupadas com a exploração mineira de Retortillo e pedem mais explicações às congéneres espanholas. O Governo de António Costa já solicitou esclarecimentos ao Executivo de Mariano Rajoy. Todavia, não obteve ainda resposta.
“Queremos que haja partilha de informação, que haja uma articulação entre as autoridades portuguesas e espanholas no sentido de perceber os reais impactos ambientais da implantação da mina de urânio”, enfatizou o deputado Pedro Filipe Soares.

A delegação de parlamentares portugueses tem previstas reuniões com autarcas e representantes de diferentes entidades do país vizinho.

Pedro Soares, do Bloco de Esquerda, considera mesmo que esta situação tem semelhanças com o caso da central de Almaraz, onde as autoridades espanholas decidiram construir um armazém de resíduos nucleares sem consultar Lisboa.

Ouvido na manhã informativa da RTP3, o deputado bloquista afirmou que “a principal preocupação é que é reconhecido já pelas autoridades portuguesas que a eventual implantação de uma mina de urânio em Retortillo tem impactos diretos no território português e, como tal, as autoridades espanholas estão obrigadas a um processo de avaliação do impacto ambiental transfronteiriço”.

“Até agora isso não foi feito e isto, de facto, faz lembrar o que se passou com Alamaraz, que obrigou a que o Governo português tivesse de fazer uma queixa à Comissão Europeia para obrigar a que as autoridades espanholas prestassem informação, partilhassem informação sobre o caso do armazém de resíduos nucleares”, lembrou.

O deputado frisou que a mina de Retortillo “ficaria a poucos quilómetros da fronteira portuguesa, em Almeida”.

Marcelo Sobral, Jorge Esteves, Virgílio Matos - RTP

“Portanto, a contaminação radioativa através do ar tem uma enorme probabilidade e, para além disso, a mina fica em cima de um afluente do Rio Douro, que quer dizer que toda a drenagem de águas, todas as escorrências da mina vão acabar por ir parar ao Rio Douro”, vincou.
Autarcas ouvidos

Pedro Soares adiantou que a delegação de deputados esteve reunida na noite de domingo com dezenas de autarcas no município de Almeida.

“Houve um autarca que disse bem, aqui de Almeida levaram-nos a Caixa Geral de Depósitos, os Correios, etc. Por favor não deixem que nos levem a saúde. E isto é bem a demonstração da enorme preocupação que está a haver relativamente a este problema. É necessária uma intervenção urgente do Governo português, exigindo que exista de facto essa avaliação de impacto ambiental transfronteiriço e que as autoridades espanholas partilhem informação sobre essa matéria”, insistiu.

Os deputados portugueses, indicou ainda Pedro Soares, estão já com membros “do Congresso dos Deputados de Espanha, de autoridades locais e regionais de Espanha”.

“Esta é uma exigência que está também a ser feita do lado espanhol, não é apenas do lado português. Os alcaides de Villa Vieja de Yeltes, de Boada, de Retortillo estão a exigir mais informação sobre esta matéria e de facto há aqui uma nuvem obscura à volta de todo este processo”, apontou.

Em contraste, sublinhou o mesmo deputado, não houve ainda qualquer partilha de informação por parte do Governo espanhol.
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