Cientistas responsáveis pela descoberta de massa no neutrino vencem Nobel da Física

por Andreia Martins - RTP
Reuters

O canadiano Arthur B. McDonald e o japonês Takaaki Kajita são os cientistas galardoados na categoria de Física. O anúncio foi feito esta terça-feira pela Academia Sueca, em Estocolmo.

Os dois investigadores desenvolveram trabalhos de quântica sobre as oscilações dos neutrinos, demonstrando que estas partículas contêm massa não-nula, um marco para o estudo e compreensão no âmbito da física moderna.

"Esta descoberta alterou o nosso entendimento do comportamento da matéria e demonstra ser crucial para a nossa visão do universo", destacou o júri na cerimónia onde foram anunciados os vencedores.

McDonald, da Universidade de Queen's, e Kajita, investigador da Universidade de Tóquio, descrevem as descobertas sobre o neutrino como "momentos eureka", de grande importância nas respetivas carreiras.

Os neutrinos são particulas subatómicas sem carga elétrica, de peso extremamente reduzido e de interação fraca. A sua oscilação foi inicialmente prevista pelo físico italiano Bruno Pontecorvo, em 1957. Em resposta aos jornalistas presentes na cerimónia, Arthur B. McDonald refere que a descoberta, partilhada com o cientista japonês, resulta de uma "colaboração amigável" de vários anos.

Não é a primeira vez que o Nobel da Física distingue os trabalhos sobre este tipo de partículas. Em 1988, os cientistas Jack Steinberger, Leon Max Lederman e Melvin Schwartz descobriram diferenças nos neutrinos, consoante as partículas a que se associam, e em 1995, quando o prémio foi atribuido a Frederick Reines pela deteção de antineutrinos em radiação nuclear.

Mas qual foi então a grande novidade no trabalho dos dois laureados deste ano? McDonald e Kajuta conseguiram refutar a teoria estabelecida de que os neutrinos não possuiam massa, ao ponto de descobrirem que diferentes neutrinos apresentam diferentes características, através da observação direta das particulas solares. A descoberta coloca em causa o modelo padrão da física, que designa as forças fundamentais às partículas (forte, fraca e eletromagnética), comprovando que estas são alteráveis.

Ao jornal britânico Guardian, o investigador Jon Butterworth, do departamento de Física e Astronomia da Universidade de Londres explica que o trabalho conjunto dos dois cientistas resolveu um antigo dilema no campo da física conhecido como "o problema do neutrino solar".

No ano passado, o prémio foi atribuído a três investigadores japoneses, pela descoberta de díodos emissores de luz azul que resultaram na invenção das lâmpadas LED.

O Nobel da Física, com um prémio de 962 mil dólares, é o segundo galardão atribuído este ano pela Academia Real Sueca, depois do anúncio dos vencedores do Nobel da Medicina, entregue a três cientistas que desenvolveram trabalhos na área das doenças parasitárias e da malária.

Até sexta-feira são revelados os vencedores do Nobel da Química, Literatura e ainda o prémio Nobel da Paz.

Os prestigiados prémios da Academica de Ciências sueca começaram a ser atribuídos no ano de 1901, em honra do inventor da dinamite, Alfred Nobel.
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