Concertação social está a ser “governamentalizada”

por Antena 1

Foto: Antena 1

Carvalho da Silva, sociólogo e antigo líder da CGTP, considera que as relações de força existentes em sede de concertação social são mais favoráveis para os patrões do que o Parlamento.

Em entrevista à Antena 1 e ao Diário Económico, Manuel Carvalho da Silva dá como exemplo o processo de eleição do novo presidente do Conselho Económico e Social.

Considera que é “um prejuízo” o arrastar da situação e estranha mesmo o facto de os patrões se terem pronunciado sobre o diploma do combate às formas modernas de trabalho forçado, no dia da eleição do novo presidente do CES.
“Carneirinho” de Bruxelas
Para o antigo secretario-geral da CGTP, a austeridade ainda não acabou, mas o atual Governo fez uma interrupção e começou a dar passos contrários a esse caminho. Neste sentido, considera que, a existiram, as sanções serão o resultado de pressões da direita europeia e de setores da própria sociedade portuguesa.

Carvalho da Silva considera que Bruxelas pretende condicionar a formação do Orçamento do próximo ano. Perante a situação, refere que o Governo "não pode ir como carneirinho" e submeter-se a esses condicionalismos.

Na sequência do Brexit, o sociólogo não vê, para já, a necessidade de um referendo sobre a continuidade de Portugal na União Europeia. Mas avisa que no futuro "a questão vai-se colocar aos portugueses", caso os condicionalismos de Bruxelas continuem.
Governo está para ficar
Sobre os condicionalismos atuais, Carvalho da Silva lembra a questão da banca, em concreto a CGD, que defende que deve continuar a ser um banco público.

O antigo secretário-geral da CGTP admite que o Governo de António Costa vai atravessar um período de grandes dificuldades para aprovar o Orçamento do Estado para 2017, por via dos condicionalismos de Bruxelas. Mas não vê a necessidade de eleições antecipadas e espera que o Executivo e a sua esquerda tenha coragem para continuar o caminho de aprendizagem.  
 
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