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Entrevista com Elisa Ferreira

por Antena 1

A Conversa Capital desta semana é com Elisa Ferreira, economista e eurodeputada socialista.

Elisa Ferreira considera que a proposta do Orçamento do Estado para 2016 é um primeiro passo para reconstruir a confiança económica e que casa a necessidade de cumprir os acordos internos com as exigências de Bruxelas. Para a eurodeputada, António Costa é a pessoa certa para trabalhar com estes “dois mundos” e liderar esta nova estratégia.

Apesar de confiar nesta nova fase admite que existem muitos riscos, “riscos por todo o lado”. Riscos internos e externos que vêem até da própria União Europeia. Aconselha por isso os portugueses a terem uma estratégia comum e a darem o seu contributo mais do que estar à espera de serem “ensinados pela Europa”.

Elisa Ferreira admite que há diferenças na interpretação dos tratados e que os pequenos países, como Portugal, são prejudicados. Cita o caso das exigências relativamente ao défice estrutural.

De resto, a eurodeputada considera que a Comissão Europeia se deixou “capturar pelos poderes fácticos do Conselho” e que se transformou numa “espécie de secretariado técnico” desse Conselho, abdicando da função que deve ter de reequilibrar as forças entre países. Elisa Ferreira considera ainda que a Comissão Europeia hoje “é vista como uma entidade cujas previsões económicas deixam muito a desejar”, porque houve erros técnicos muito graves que foram cometidos. A instituição, considera, saiu fragilizada. A eurodeputada adianta ainda que as correcções feitas geraram uma recessão que persiste, porque foi mais fácil dizer que “uns se portaram bem e outros se portaram mal” do que assumir responsabilidades pelas opções tomadas.

Neste contexto, Portugal, nos próximos 10 meses, “tem de estabilizar e evitar a derrocada de toda a economia nacional como estava a acontecer”. Mais: Elisa Ferreira considera que é preciso apurar como é que ajustamentos temporários foram aceites em Bruxelas como permanentes.

Elisa Ferreira considera que o processo do BANIF levanta muitas dúvidas mas não quer apontar o dedo a ninguém em particular, nem mesmo ao Governador do Banco de Portugal. “Não se pode andar aos tiros a todos”, refere a eurodeputada que quer perceber quem fez o quê em cada fase do processo e exigir responsabilidades se for caso disso.

Admite que, no caso do BANIF, o medo do risco sistémico tenha precipitado uma decisão. Elisa Ferreira considera que a entrada em vigor da entidade de resolução única a 1 de janeiro de 2016 e consequentemente a imputação de perdas a pelo menos 8 por cento dos passivos dos bancos, com a possibilidade de atingir credores seniores e depósitos acima dos 100 mil euros, levou a avançar com a resolução. Contudo, Elisa Ferreira esclarece que já transmitiu ao presidente da Comissão Europeia a necessidade de fazer uma avaliação do que se passou e em particular das competências da Direção Geral de Concorrência, no que se refere à avaliação do que são ajudas de Estado e quando podem acontecer.

Em termos gerais, Elisa Ferreira mostra-se preocupada com a banca em Portugal e refere que é preciso começar a analisar o que se pretende para a banca daqui a 5 anos, porque há riscos sérios quando se imputam perdas ao investidores e ao mesmo tempo se exige à banca para ir ao mercado obter reforços de capital
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