Bíblia Grega, numa nova tradução de Frederico Lourenço, é publicada em setembro

por Lusa

Uma nova tradução da Bíblia Grega, "Septuaginta", de autoria de Frederico Lourenço, vai ser publicada em setembro, pela Quetzal, foi hoje divulgado.

A edição da "Septuaginta" ou "Bíblia dos Setenta", um original escrito entre os séculos I e o VII depois de Cristo, é uma tradução direta do grego, por Frederico Lourenço, e contém todos os 27 livros do Novo Testamento, iguais em todas as Bíblias atuais e, no Antigo Testamento, tem todos os 46 livros da Bíblia católica, ainda mais sete livros, o terceiro e o quarto Livros dos Macabeus, os Salmos de Salomão, Odes, o Livro de Susana, a história de "Bel e o Dragão", e a Epístola de Jeremias, disse à Lusa fonte editorial.

No total são 80 livros, mais 14 do que as Bíblias protestantes e mais sete do que a tradução do atual cânone católico.

"A Bíblia protestante, por exemplo, não tem nenhum Livro de Macabeus, o cânone católico tem dois, ao passo que a Bíblia Grega, que a Quetzal publica em setembro próximo, tem quatro", explicou à Lusa a mesma fonte.

A edição portuguesa inclui uma introdução de Frederico Lourenço e várias notas de pé de página, que visam esclarecer o leitor, explicou a editora.

Frederico Lourenço é docente nas faculdades de Letras da Universidade de Lisboa e da de Coimbra, romancista e poeta, publicou vários ensaios sobre a cultura helénica, traduziu os poemas épicos "Odisseia" e "Ilíada", ambos atribuídos a Homero, que terá vivido, provavelmente, entre 928 e 898 antes de Cristo.

No ano passado, Frederico Lourenço publicou "O livro aberto: Leituras da Bíblia", em que afirma no prefácio: "Independente, porém, de uma questão de fé, a Bíblia pode ser lida como o mais fascinante livro alguma vez escrito".

"Um texto -- prossegue o ensaísta -- que, no seu melhor, é de riqueza inesgotável, de ímpar magnificência expressiva que a mente humana alguma vez terá conseguido imaginar".

No mesmo texto, o autor afirma-se "sensível ao Divino" e ter sido educado na religião católica, sem seguir, porém, qualquer religião diretamente relacionada com a Bíblia, o judaísmo ou o cristianismo, convicto "de que Deus, existindo, terá de corresponder a uma Realidade muito diferente daquela que partilha o seu nome, tanto no Antigo como no Novo Testamento".

Todavia, realça: "Não tenho nenhum problema em afirmar que, pessoalmente, considero Jesus de Nazaré a figura mais admirável de toda a história da Humanidade".

Já nesta obra - "O livro aberto: Leituras da Bíblia" -, editada pelos Livros Cotovia, Frederico Lourenço referia-se à Bíblia Grega, "na qual encontramos o texto do Antigo Testamento redigido de forma um pouco diferente da que existe em hebraico, sem que se possa afirmar se o original semítico não se terá baseado em versões ligeiramente diferentes do texto original, antes de este ser fixado na forma hoje conhecida".

O ensaísta reconhece a sua facilidade em ler o grego em que foi escrito o Novo Testamento, e o grego da denominada "Bíblia dos Setenta".

No mesmo texto, Frederico Lourenço atesta que "os livros do Antigo Testamento, na sua versão grega, constituíram a Bíblia dos primeiros cristãos, assim como a Bíblia de toda a tradição patrística grega" e que, na sua ótica, não deve desaparecer "do horizonte atual de discussão sobre temas bíblicos".

A Quetzal realça, por seu turno, que "esta nova tradução da Bíblia Grega é um marco na história da nossa língua, uma vez que será a Bíblia mais completa jamais publicada em português", acrescentando: "A grande qualidade da tradução de Frederico Lourenço, que não é preciso elogiar, pois além do extremo rigor e profundidade do seu conhecimento do grego, conta com a sua sensibilidade literária".

 

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