Dez municípios do Norte querem elevar Caminhos de Santiago a património mundial

por Lusa

Viana do Castelo, 19 set (Lusa) - Dez municípios do litoral norte, que até 2018 vão investir cerca de 1,6 milhões de euros na valorização do Caminho português da Costa a Santiago, assumiram hoje a intenção de candidatar aquele itinerário religioso a património mundial da Unesco.

A intenção foi realçada hoje em Viana do Castelo pelo diretor regional de Cultura do Norte, António Ponte, durante a assinatura do termo de aceitação da candidatura "Valorização dos Caminhos de Santiago - Caminho Português da Costa" financiada em 85% por fundos do Programa Operacional Regional do Norte 2014-2020 aos fundos do Norte 2020.

Além daquela classificação, já atribuída ao Caminho Francês (em território Espanhol) em 1993, os dez concelhos pretendem ainda "promover a classificação deste percurso de peregrinação como Itinerário Cultural Europeu", também já atribuído ao Caminho francês em 1987.

A classificação do Caminho português da costa como Itinerário Cultural Europeu será iniciada a partir de julho de 2018 após a conclusão, em julho de 2018, do investimento de 1,6 milhões de euros da candidatura a aplicar desde "a Sé do Porto até à ponte centenária em Valença".

O concelho de Caminha, com mais de 269 mil euros, é o município que vai receber mais dinheiro. Já a Póvoa de Varzim é o concelho que recebe a menor comparticipação da candidatura, pouco mais de 71 mil euros.

Para António Ponte, o produto turístico que o Caminho português pela costa representa é um "conceito que importa explorar, em associação".

"Esta associação do turismo cultural, religioso e de natureza é cada vez mais importante. O mono produto não funciona, já está provado. Importa agregar um conjunto de produtos diversificados que respondam aos gostos dos caminheiros e ao gosto de grupos de caminheiros", sustentou.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa sublinhou o caráter "inovador" da candidatura hoje formalizada.

"Colocar dez municípios de acordo com um projeto não é fácil mas fomos capazes de nos reunirmos em torno de um objetivo comum", frisou.

A candidatura que junta os municípios do Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença "foi elaborada entre abril e junho desde ano " e vai começar a ser implementada "a partir de outubro com um prazo de execução de um ano e meio".

O projeto prevê "a uniformização da sinalética no Caminho, a promoção do evento cultural "Sons no Caminho", a criação de um logótipo, guias e brochuras e de um `website` e aplicação móvel, a publicação de um livro científico, a requalificação de espaços, a produção audiovisual sobre o Caminho e um seminário final com os resultados do projeto".

A rede intermunicipal "vai permitir potenciar a comunicação e promoção do Caminho Português da Costa através de uma imagem de marca única, de uma comunicação unificada, com clara racionalização de recursos, permitindo fazer mais e melhor por menos".

Os dez municípios sublinham que "o Caminho Português a Santiago é o segundo percurso mais percorrido, a seguir ao francês, e tem registado um crescimento consolidado com crescente interesse nacional e internacional".

"A variante Caminho Português da Costa tem registado precisamente as mesmas tendências, apesar das dificuldades nomeadamente de natureza infraestrutural, nomeadamente sinalização deficiente, reduzida densidade de instalações de receção e de prestação de serviços de apoio e informação que permitam dignificar e potenciar o seu valor intrínseco e adaptá-lo às condições atualmente exigidas pelos modernos peregrinos", sustentam na candidatura.

A candidatura conjunta resultou de "um trabalho desenvolvido pelos pelouros da Cultura dos dez municípios abrangidos pelo traçado" e que envolveu também técnicos da Área Metropolitana do Porto e das Comunidades Intermunicipais (CIM) do Cávado e Ave e do Alto Minho que foi validado pela Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN).

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