Facebook discrimina obesas, Google foge ao fisco

por RTP
A fotografia de Tess Holliday que originou a polémica DR

Foi uma terça feira negra para duas coqueluches da modernidade internáutica: a rede das redes sociais andou nas bocas do mundo por censurar a imagem de uma utilizadora de formato XL; e o motor dos motores de busca caiu sob a mira das autoridades francesas, por fuga ao fisco.

O Facebook decidiu despublicar a fotografia em biquini da sorridente "modelo tamanho Plus" Tess Holliday, que se integrava na publicidade a um evento intitulado "Feminismo e gordura", promovido em Melbourne pelo grupo feminista australiano Cherchez la femme.

Com a fotografia pretendia-se mostrar que uma mulher obesa pode ser bem humorada, atraente e feliz. Ou seja, a imagem não podia ser de uma mulher com outras características físicas e devia precisamente chamar a atenção pelo excesso de peso.

O Facebook entendeu no entanto de outra forma e despublicou a fotografia argumentando que é contra as suas normas divulgar publicidade em que apareçam "corpos ou partes do corpo de uma forma não desejável".

Para explicar a proibição, começou por usar um template de resposta: "Anúncios como este não são permitidos, porque podem eventualmente desenvolver uma baixa autoestima entre quem os vê. Em alternativa, recomendamos que se utilizem imagens de uma actividade relevante, como a de correr ou de andar de bicicleta".
Facebook recua perante Womenpower
Com a decisão e com a resposta formatada, atraiu sobre si a ira sagrada da organização feminista, que respondeu jocosamente, colocando publicando uma imagem da mesma mulher obesa a andar de bicicleta.

O braço de ferro entre organização feminista e organização facebookiana resolveu-se com esta a recuar em toda a linha e a apresentar desculpas um tanto atabalhoadas: "A nossa equipa tem de gerir todas as semanas milhões de imagens publicitárias e por vezes proibimos anúncios por erro".

Esta polémica surge na sequência de uma outra, de sentido contrário, em que o Facebook fora acusado, na semana passada, de censurar os conteúdos mais conservadores, no contexto da popularidade alcançada pela campanha eleitoral de Donald Trump.

O líder do Facebook, Mark Zuckerberg, empreendeu então uma série de diligências para contrariar a publicidade negativa que resultava dessas acusações de censura, publicou explicações sobre o modo como se tenta controlar a circulação de conteúdos violentos ou racistas, e acabou por admitir que alguns desses mecanismos de controlo poderão ocasionalmente ser pervertidos e talvez precisem, portanto, de ser revistos.
Polícias franceses revistam instalações da Google
Entretanto, uma megaoperação de busca levada a cabo em França teve como alvo a Google France. Cerca de uma centena de agentes do fisco, incluindo 25 especialistas informáticos e cinco juízes, procederam a buscas nas várias instalações da Google em Paris.

Um comunicado da Procuradoria citado em ZD.net explicava a busca com a investigação relativa a acusações por fraude fiscal agravada e branqueamento: "A investigação visa averiguar se a sociedade Google Ireland Ltd tem um estabelecimento estável em França e se, ao não declarar uma parte da sua actividade realizada em território francês, ela faltou às suas obrigações fiscais, nomeadamente à do impostos sobre as sociedades e à do imposto sobre o valor acrescentado".

A isto se apressou Al Verney, porta-voz da Google, a responder: "Nós cooperamos com as autoridades para responder às questões que colocam. Regemo-nos inteiramente pelo direito francês".

O valor envolvido na investigação é significativo: o fisco francês suspeita que foi lesado pela Google em 1.600 milhões de euros. Os críticos mais contidos da sociedade californiana dão-na como mau exemplo de "optimização fiscal agressiva" - eufemismo para indicar uma multimilionária fuga aos impostos.

Mas a Google argumenta que "nos Estados Unidos pagamos largamente os impostos que devemos, porque os nossos centros de R&D [Investigação & Desenvolvimento] se encontram maioritariamente aí (...) Nós tentamos construir mais centros de R&D no estrangeiro, o que nos levará automaticamente a pagar mais impostos"
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