Hamburgo exibe nova sala de espetáculos, a joia da Alemanha

por RTP
Reuters

Ao fim de quase 14 anos de polémicas e adiamentos, chega ao fim a construção de um dos mais emblemáticos edifícios de Hamburgo, dotado de uma nova sala de espetáculos com "a melhor acústica do mundo". o novo espaço para concertos foi inaugurado esta semana com pompa e circunstância. Estiveram presentes a chanceler Angela Merkel e o Presidente alemão Joachim Gauk. O reportório foi desde Beethoven a Cavalieri e Wagner.

O conceito desta infraestrutura foi concebido pelo engenheiro acústico japonês Yasuhisa Toyota, numa sala que conta com 2100 lugares e onde nenhum dos elementos da audiência está a mais de 30 metros do maestro.  
 
A sala está integrada num edifício imponente, alicerçado em tijolo, a que é acrescentada uma estrutura em vidro que reflete a cidade e o céu.

Com vista privilegiada para o porto de Hamburgo, o novo edifício ganha enorme destaque na paisagem da segunda maior cidade alemã. Evoca a imagem de um navio em água.  
 
Foi construído sob uma zona histórica da cidade, com armazéns e lojas de chá, tabaco e cacau que datam dos anos 60. Para além da sala de espetáculos, o edifício de enormes proporções inclui também espaços residenciais e de escritórios.

 

A empresa arquitetónica responsável pela construção, a suíça Herzog & de Meuron, destaca que esta infraestrutura é ela própria uma cidade, com vários restaurantes, um hotel e uma plaza a 37 metros de altura, que oferece ao público uma vista panorâmica. 

Em declarações à Architectural Digest, revista especializada em arquitetura, Jacques Herzog, fundador da empresa, refere que o edifício tem uma multiplicidade de inspirações e referências, que vão desde os anfiteatros da Grécia Antiga, a simples tendas, copas de proteção ou um navio, dada a proximidade com o mar. 
 
A construção deste edifício foi morosa e confusa, muito distante do rigor e assertividade alemães. Foi o fim de um longo processo de construção, com custo inicialmente avaliado em 75 milhões de euros em 2003, ano em que o projeto foi iniciado.  
 
No entanto, várias disputas legais e atrasos na construção levaram a sucessivos adiamentos na inauguração, que deveria ter acontecido em 2009. No fim deste processo, o custo do edifício poderá ter chegado a 790 milhões de euros, segundo refere a agência Reuters.


 
Uma espera que terá sido proveitosa, segundo o presidente da Câmara da cidade: "A construção do Elbphilharmonie é um convite que fazemos ao mundo para que visite Hamburgo e venha a este extraordinário edifício para experienciar o poder da música", convida Olaf Scholz.
 
Ao fim de atrasos e polémicas, o edifício, em especial a sala acústica, é elogiada e enaltecida pela generalidade dos media e especialistas em música.


 
Rick Fulker, editor de música da Deutsche Welle, assistiu ao concerto inaugural de quarta-feira e fala de um som "implacavelmente claro". "apesar da distância da fonte da música, tinha a sensação de estar sentado no meio dela", refere.
 
No discurso de inauguração, o Presidente alemão admitiu que o edifício tinha significado simultaneamente "um sonho e um pesadelo, uma estrela a nível internacional e uma piada, uma vergonha e um milagre", devido às demoras na construção e aos gastos excessivos com o Elbphilharmonie.
 
Joachim Gauck concluiu que, apesar de todas as adversidades, o edifício se torna "numa joia para a Alemanha, a nação da cultura".
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