Arouca, Aveiro, 04 dez (lusa) - A Associação Geoparque de Arouca (AGA) e autarquia local inauguram no sábado a estrutura de acesso aos icnofósseis de Cabanas Longas, um dos geossítios classificados como Património Geológico da Humanidade, que assim passa assim a ter observação facilitada.
Em causa está uma escadaria e um passadiço de aproximação à escarpa onde se podem identificar os icnofósseis, que, também denominados "cruzianas", evidenciam o rastro de passagem das trilobites nos seus percursos em busca de alimento - quando esses artrópodes habitavam os mares que cobriam o atual território de Arouca, há 540 a 250 milhões de anos atrás.
"OS icnofósseis de Cabanas Longas são dos principais geossítios de Arouca, a seguir às trilobites e às pedras parideiras, mas estavam num local de muito difícil acesso, ao qual quase só se chegava através de escalada", revela à Lusa Margarida Belém, presidente da AGA e vereadora no município.
"Agora construímos no local uma plataforma de observação que vai valorizar esse património e facilitar a sua descoberta pelos visitantes, o que demonstra como o geoparque está a evoluir, cumprindo plenamente a sua missão de promoção da Educação, da Cultura e da Ciência", acrescenta.
Entre os icnofósseis observáveis em Cabanas Longas, nas proximidades da Garganta do Paiva e da aldeia da Paradinha, incluem-se rastros rugosos, imbricados e furcíferos, cada um dos quais associado a diferentes comportamentos alimentares. Algumas cruzianas evidenciam um metro de comprimento por 20 centímetros de largura, o que denuncia que essas pistas foram deixadas no local pela passagem de espécimes de grande porte.
A plataforma de valorização do geossítio de Cabanas Longas representa um investimento na ordem dos 50.000 euros, financiados em 70% pelo anterior quadro comunitário e no restante pela Câmara Municipal de Arouca
A inauguração da estrutura constitui também o que Margarida Belém considera "um momento muito especial na história do geoparque de Arouca", já que o evento irá assinalar o reconhecimento desse território - e dos seus outros 119 congéneres em todo o mundo - como parte integrante do programa oficial da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
Na prática, a inclusão desses territórios geológicos no Programa Mundial de Geociências e Geoparques da UNESCO confere-lhes um tratamento equiparado ao que já se vem verificando para planos de intervenção integrada como os relativos ao Património Mundial da Humanidade e às Reservas da Biosfera.
