O filósofo, matemático, teólogo, poeta e novelista Ramón Llull, nascido na ilha espanhola de Maiorca, em 1232, é evocado na segunda-feira, numa cerimónia no salão nobre da Universidade de Lisboa, por ocasião dos 700 anos da sua morte.
Este é o primeiro ato que celebra o "Ano Lull" fora de Espanha, iniciativa do instituto catalão Ramón Llull, que projeta ações em Londres, Paris e Berlim.
"Llull foi um dos intelectuais mais notáveis da cultura europeia na Idade Média. Natural de Maiorca, foi autor de uma obra imensa, que marcou indelevelmente a nossa cultura e a evolução da ciência, designadamente a matemática e a lógica", afirma em comunicado a Universidade de Lisboa.
A sessão em Lisboa, às 18:00, é uma iniciativa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do Institut Ramon Llull, e conta com a participação de Àlex Susanna, diretor do Institut, de António Feijó, vice-reitor da Universidade de Lisboa, do catedrático de Estudos Clássicos Aires Nascimento e da escritora Luísa Costa Gomes, autora da obra "Vida de Ramon" (1991).
Na cerimónia serão lidos, em catalão, língua em que Llull foi um dos primeiros a escrever, e em português, excertos da sua obra "Llibre d`amic e amat" ("Livro do amigo e do amado").
No seu tempo, Llull foi apontado como "arabicus christianus" ("árabe cristão"), "doctor inspiratus" ("doutor inspirado") e "doctor illuminatus" ("doutor iluminado").
Vários escritos de Ramón Llull foram retomados por outros intelectuais como Condorcet, nomeadamente sobre o método eleitoral, e o alemão Gottfried Leibniz (1646-1716) baseou a sua investigação sobre o cálculo universal, no sistema de conhecimento de Llull.
Llull escreveu em catalão a novela "Blanquera", o "Livro da contemplação", "Vida contemporânea", uma autobiografia ditada a um dos seus discípulos, e o "Livro de Deus e do Mundo". Além de catalão, língua que ajudou a desenvolver, Ramon Llull escreveu em árabe e latim.
O papa Gregório XI condenou Ramón Llull, em 1376, e proibiu o estudo das suas obras. O papa Pio IX, por seu lado, beatificou-o, em 1847, e a Igreja Católica celabra o seu dia a 27 de novembro.