Com mais de vinte anos de distância, as autoras Manuela Bacelar e Catarina Sobral escreveram um livro sobre o mesmo tema, com o título "O meu avô", e, pela primeira vez, as ilustrações de ambas estarão juntas numa exposição.
A galeria de arte Opus 14, em Lisboa, inaugura, no dia 31, a exposição "O meu avô", tendo como ponto de partida as ilustrações que Manuela Bacelar e Catarina Sobral fizeram em 1990 e em 2014, respetivamente, para dois livros para crianças.
"Conheço as duas, gosto das duas, são duas gerações distintas de ilustradoras que, julgo, nunca fizeram nada juntas. A exposição terá ilustrações do livro que cada uma fez, mas também coisas recentes", afirmou à agência Lusa Teresa Castanheira, da Opus 14.
Manuela Bacelar nasceu em Coimbra, em 1943, estudou ilustração em Praga, vive e trabalha no Porto e conta com mais de uma centena de livros publicados, em particular para a infância, assinando, em alguns dos casos, o texto e a ilustração.
Em "O meu avô", publicado em 1990 pela Afrontamento, e que vai na sexta edição, Manuela Bacelar aborda a relação afetuosa entre avós e netos, a partir da perspetiva de um rapaz que, ao longo das páginas, vai descrevendo o avô.
Com o neto a servir de narrador, Manuela Bacelar descreve situações do quotidiano familiar, sem esquecer o universo de cada um dos protagonistas. Por um lado, as rotinas da escola e das brincadeiras, por outro, o trabalho do avô, pasteleiro.
Além de "O meu avô", Manuela Bacelar escreveu, por exemplo, uma série de livros para a infância intitulada "Tobias" e ilustrou para autores como Matilde Rosa Araújo, Eugénio de Andrade, Luísa Ducla Soares, Ilse Losa, Alice Vieira, Manuel António Pina e Álvaro Magalhães.
Catarina Sobral também nasceu em Coimbra, em 1985, tem formação em Design e Ilustração, vive em Lisboa e é uma das novas ilustradoras portuguesas que mais visibilidade tem tido a nível internacional.
Em 2014, o livro "O meu avô" valeu-lhe um prémio internacional de ilustração, atribuído pela Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália), no valor de 21.000 euros.
O livro, editado pela Orfeu Negro e que soma duas edições, tem alguns pontos de contacto com a obra de Manuela Bacelar, mas com um estilo bastante diferente. No livro de Catarina Sobral, o protagonista e narrador também é um menino, que vai descrevendo as rotinas diárias do avô, contrapondo-as à de um vizinho.
Nessas rotinas há tempo para o avô passear o cão, ter aulas de pilates e de alemão, cultivar um jardim e ir buscar o neto à escola. Visualmente, Catarina Sobral introduz várias referências artísticas, de Almada Negreiros a Edouard Manet, de Fernando Pessoa a Jacques Tati.
Catarina Sobral é ainda autora de "Greve", "Achimpa", "O chapeleiro e o vento", "Vazio", "A sereia e os gigantes", tendo assinado a ilustração de "A casa que voou", de Davide Cali, e "Não há dois iguais", de Javier Sobrino.
A exposição "O meu avô", que juntará pela primeira vez Manuela Bacelar e Catarina Sobral, ficará patente até 30 de abril.
A galeria Opus 14, inaugurada em 2014, no Chiado, dedica-se sobretudo a obras de arte em papel, da gravura à aguarela.