O escritor italiano António Tabucchi morreu esta manhã no hospital da Cruz Vermelha em Lisboa, onde se encontrava internado, informou a viúva, Maria José Lencastre. Tabucchi, de 68 anos, sofria de doença prolongada e irá a sepultar na capital portuguesa, na próxima quinta-feira.
Premiado com o Pémio Campiello, Prémio Medicis e Prémio da Associação Europeia de Jornalistas, Tabucchi foi ainda candidato ao Prémio Príncipe das Astúrias e figurava de forma constante na lista de candidatos ao Prémio Nobel da Literatura.
Deixa obras como "Afirma Pereira" e "A cabeça perdida de Damasceno Monteiro," ambas passadas em Portugal, "Nocturno Indiano", "Os últimos três dias de Fernando Pessoa" e "Requiem."
Sonhar em português
A nacionalidade portuguesa foi concedida a Tabucchi em 2004, formalizando uma ligação emocional profunda com o país de quem se reconhecia "cativo", admitindo mesmo sonhar frequentemente em português.
Revelou ainda em entrevistas ao jornal Público, que gostava de "perder tempo" a admirar Lisboa, a pensar e de abraçar os amigos. Entre estes contam-se Alexandre O'Neill, José Cardoso Pires e Fernando Lopes.
António Tabucchi apoiou Mário Soares e foi ainda candidato do Bloco de Esquerda nas eleições europeias. Escreveu sobre a luta dos timorenses, e defendeu sempre a liberdade de expressão e o direito à palavra.
Contos póstumos
Os jornais italianos Corriere della Sera e La Reppublica escrevem hoje, a propósito da morte de Antonio Tabucchi, que morreu o "mais original" autor das últimas décadas, o "mais europeu dos escritores italianos".
Em abril a editora D.Quixote irá publicar "O tempo envelhece depressa", um conjunto de contos sobre a passagem do tempo, passado e presente. Temas que marcaram o seu pensamento.