Trabalhos de Sofia Leite e Rita Colaço distinguidos com o Prémio Gazeta

por RTP
DR

A reportagem da RTP “Água Vai, Pedra Leva”, sobre as levadas da Madeira, recebeu o Prémio Gazeta para o melhor trabalho de televisão em 2015. A reportagem da Antena 1 “Mar da Palha, Zona C”, sobre a busca de ameijoa no estuário do Tejo, foi distinguida com o Prémio Gazeta para rádio.

O júri valorizou na reportagem “Água Vai, Pedra Leva” a apresentação inédita de imagens em movimento sobre a construção das levadas, e de testemunhos inéditos sobre o que é considerado uma "epopeia madeirense".

Fazer a história das levadas é, em grande medida, fazer a história do próprio povoamento da ilha. Trata-se de aquedutos talhados na pedra desde o século XV, que se foram ramificando e somam actualmente mais de 1500 quilómetros de extensão.
“Água Vai, Pedra Leva”
Desde cedo os colonos constataram que o sul da ilha era mais fértil, mas a água estava do lado norte e no interior montanhoso, ambos de acesso difícil. Construíram então as primeiras levadas, que transportavam água das nascentes até às suas terras. Tinham concebido um engenhoso sistema de irrigação, que veio a mudar a paisagem da ilha e se tornou num património cultural.

A acessibilidade e a extensão destes cursos de água tornaram-nos num monumento notável e único. Uma prova viva do engenho e audácia de quem concebeu e dos muitos que ergueram estes aquedutos talhados na rocha.

Hoje, estes caminhos de irrigação contam com mais de 1500 quilómetros. Uma obra impressionante começada há quase seis séculos. Na década de 1930, apenas dois terços da terra arável da ilha eram cultivados - e desses, só metade eram irrigados. Só o Estado possuía os meios económicos necessários para implementar um programa de construção em larga escala e em 1939, o governo envia uma missão à ilha para estudar um plano hidroelétrico e de irrigação. Em 1943 é criada a Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira que lança um ambicioso plano de construção de levadas.

Datam de então os trabalhos com operários munidos de picaretas, suspensos do alto em cestos de vime, e a lutarem contra a dureza da rocha - tal como esses trabalhos se realizaram durante a grande expansão das levadas nos anos 40 de século passado. Muitos morreram durante essa fase, em que se tratava de levar a água e a luz a localidades afastadas.

Mostrando pela primeira vez imagens em movimento da construção das levadas, e recorrendo a testemunhos inéditos, este documentário conta a épica história da construção das levadas, de quem as inventou e daqueles que as construíram.

A jornalista Sofia Leite já recebera o Prémio Gazeta 2008, referente à reportagem "A Lista de Chorin", em coautoria com António Louçã. O trabalho que agora é premiado tem imagem de Paulo Alexandre, som de António Garcia e edição de imagem de Sérgio Alexandre.
“Mar da Palha, Zona C”A reportagem “Mar da Palha, Zona C”, sobre a busca de ameijoa no estuário do Tejo, foi distinguida com o Prémio Gazeta para rádio.

O trabalho de Rita Colaço retrata o quotidiano de centenas de homens, mulheres e, por vezes crianças, em busca de amêijoa no estuário do Tejo.

Tal como a repórter descreve esse quotidiano, aí se ganha e se perde a vida. Mas a relevância da reportagem vai além das condições de trabalho dos apanhadores de amêijoa e estende-se aos problemas da saude pública e aos interesses do público consumidor.

Com efeito, dali saem toneladas de amêijoa japonesa, dando início a um circuito ilegal até Espanha. As que ficam em Portugal chegam à mesa dos consumidores, muitas vezes, contaminadas porque se encontram em zona C - área que exige uma depuração especial, inexistente no nosso país.
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