A vida e obra de Jorge Ferreira de Vasconcelos são temas de uma conferência a realizar na quarta-feira, na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Lisboa, onde está patente uma exposição comemorativa do V centenário do nascimento do dramaturgo.
A vida e obra do dramaturgo/comediógrafo, a teatralidade da sua obra dramática, os desafios colocados pela encenação do teatro clássico, sobretudo do repertório clássico português, são assuntos a abordar na conferência da investigadora Silvina Pereira, intitulada "Jorge Ferreira de Vasconcelos na Biblioteca Nacional", segundo uma nota à imprensa da BNP.
Silvina Pereira é doutorada em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras das Universidade de Lisboa, faz parte do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade, é fundadora do Teatro Maizum e autora de "Tras a nevoa vem o sol -- as comédias de Jorge Ferreira de Vasconcelos".
Após a conferência, na próxima quarta-feira, os atores Álvaro Faria, Augusto Portela e Júlio Martin, do Teatro Maizum, vão fazer uma leitura encenada de algumas cenas da comédia do autor "Aulegrafia", inédita nos palcos portugueses.
Uma conferência, em abril último, na Academia das Ciências de Lisboa, e a exposição "Um homem do Renascimento", patente desde 15 de maio até ao próximo dia 11, na BNP, contam-se entre as iniciativas comemorativas do V centenário do nascimento do dramaturgo/comediógrafo que se distinguiu, na época, pelo teatro de comédia.
Estas homenagens são uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, da BNP e do Teatro Maizum.
O programa das comemorações dos 500 anos do nascimento do "comediógrafo" contou, igualmente, com um colóquio internacional sobre o autor, realizado em 28 e 29 de maio últimos, na Fundação Gulbenkian. Está ainda prevista, para 2016, a estreia da comédia "Aulegrafia".
Jorge Ferreira de Vasconcelos foi um comediógrafo português, que nasceu em 1515 e morreu entre 1563 e 1585, não existindo confirmação da data exata da sua morte.
Admite-se que nasceu em Montemor-o-Velho, cresceu na casa do duque de Aveiro e frequentou a Universidade de Coimbra, no tempo de Luiz de Camões, segundo um estudo da investigadora Rosário Laureano Santos, da Universidade Nova de Lisboa, sobre a inovação do teatro português do século XVI.
De acordo com estudos existentes, a obra do comediógrafo não obedece aos cânones tradicionais da comédia e, no seu primeiro livro, "Eufrósina", publicado em 1555, é o próprio autor que destaca o texto e o estilo, admitindo que a peça não privilegia a representação em palco.
Os estudos biográficos sobre o dramaturgo destacam o forte nacionalismo linguístico do escritor, demonstrado pela incorporação de diversas locuções populares, ditados e expressões característicos da época, que escapam propositadamente a normas gramaticais.
Vasconcelos descreve igualmente, de forma precisa, peças de vestuário, hábitos e usos locais, que testemunham a vida quotidiana do seu tempo.
A BNP tem disponíveis, em edição digital, "Aulegrafia" e "Eufrósina", assim como a restante comédia conhecida do escritor, "Ulissipo", e o seu romance de cavalaria "O Memorial da Segunda Távola Redonda".
As iniciativas das comemorações do V centenário do nascimento do autor e outros dados sobre a sua vida e obra podem ser consultados em http://vcentenariojfv.weebly.com/.
