Está a tornar-se num fenómeno de popularidade, tal como aconteceu com o Leicester City em Inglaterra, na época transacta. O RB Leipzig subiu esta época ao primeiro escalão do futebol alemão e está a causar furor ... e desconforto.
Após onze jornadas disputadas na Bundesliga, o Bayer Leverkusen sucumbiu em casa frente ao clube da antiga RDA e perdeu por 3-2, depois de ter conseguido uma vantagem de 2-1 durante a partida. O Bayern Munique não conseguiu evitar a derrota frente ao Borussia de Dortmund e o RB Leipzig tomou de assalto a liderança da liga alemã de futebol.
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Oito vitórias e três empates é o périplo da equipa alemã na Bundesliga. E apesar de estar a maravilhar muitos, a verdade é que o modelo empresarial utilizado no clube da cidade de Leipzig não está a ser bem aceite pelos principais clubes alemães.
Formado em 2009, o RB Leipzig militava na quinta divisão alemã com o nome SSV Markranstadt. A Red Bull, multinacional austríaca, comprou a licença do clube que era desconhecido em todo o território alemão e mudou toda a entidade da equipa - desde o símbolo, passando pelo equipamento e o nome.
A primeira promessa da nova administração foi a disponibilização de um orçamento apetecível para a compra de novos jogadores. O novo clube teve de contornar algumas leis para poder criar um novo nome já que a associação de futebol alemã não permite o nome de patrocinadores e, para manter as iniciais da empresa detentora, nasceu o nome RasenBallsport Leipzig (RB Leipzig).
A polémica começa com uma possível violação da lei "50+1" imposta pela Associação de Futebol Alemã, que não permite grandes aglomerados empresariais de deter a maioria dos clubes de futebol. Pede-se que sejam as equipas a terem a maior parte da percentagem da estrutura e só investidores com mais de 20 anos de envolvimento podem ter acesso a excepção desta lei.
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O RB Leipzig cumpre as regras da lei "50+1" mas os grandes clubes alemães alegam que o clube corrompe o espírito da lei em vigor. O clube da antiga RDA já foi obrigado a abrir a sua estrutura para membros, mas conta apenas com 17, muitos deles associados e empregados da Red Bull.
Por isso, na sua recente 'cavalgada' até à primeira divisão do futebol alemão, o RasenBallsport Leipzig tem sido alvo de vários boicotes e protestos. Os maiores defensores do clube alegam que as maiores equipas da Bundesliga mostram grande hipocrisia nas suas tomadas de decisão, já que a estrutura da equipa de Leipzig não é muito diferente de clubes como o Bayer Leverkusen, Wolfsburgo e Ingolstad.
"É fantástico que haja um clube que consiga dar luta"
A opinião é de Rui Miguel Tovar, comentador da RTP. O jornalista afirma que é sempre bom haver clubes que combatam a supremacia de Bayern Munique e Borussia de Dortmund, os dois grandes clubes germânicos.
"É verdadeiramente fantástico que um clube recém-nascido que veio da antiga RDA, que não tem dado muitas alegrias ao futebol alemão (está tudo concentrado na antiga RFA), é curioso como um clube, com o dinheiro da Red Bull, é altamente meritório que uma equipa sem grandes nomes, com um treinador muito jovem, consiga ser líder isolado do campeonato alemão".
Para Rui Miguel Tovar o bom início de época do RB Leipzig é surpreendente, um pouco à imagem do OG Nice, que lidera em França a Ligue 1, mas garante que o feito é ainda maior já que se fala de uma equipa que acabou de subir de divisão.
O jornalista disse que esperava uma quebra da equipa germânica após a paragem para as seleções mas constatou que o recém promovido RB fez uma boa exibição frente ao Bayer Leverkusen e tomou de assalto a liderança da Bundesliga.
Sobre os ódios que está a despertar, Rui Miguel Tovar é peremptório: a questão prende-se com o dinheiro. O RasenBallsport Leipzig é financiado pela Red Bull, o que está a gerar grandes críticas de inúmeros clubes da Liga Alemã.
"Houve uma grande injeção de dinheiro na equipa. A Red Bull tentou financiar um clube em Düsseldorf, Munique e Hamburgo e não conseguiu, já que nenhuma das cidades quis ir avante com a ideia da Red Bull. Leipzig aceitou e talvez seja isso", comentou o jornalista desportivo.
Questionado sobre o que podia mudar com um possível título do RB Leipzig, Rui Miguel Tovar explicou que a curto prazo pouco mudará na Bundesliga, já que se trata de um campeonato estável.
"O futebol alemão é de todos aquele que não muda tanto. O prédio pode abanar mas nunca cai".
O comentador da RTP explicou que o futebol alemão tem muito do Bayern de Munique e Borussia de Dortmund e não deverá mudar nos próximos anos. "O Leipzig será uma surpresa tal como o Estugarda e Wolfsburgo mas não mudará nada".