Rui Vitória na RTP: Jesus, o passado e o futuro vistos pelo técnico do Benfica

por RTP

Fotografia: Reuters

Rui Vitória afirma que é diferente de Jorge Jesus. Em entrevista exclusiva à RTP, o técnico encarnado salienta ainda que não o chocaria dar os parabéns ao Sporting, se os leões tivessem conquistado a Liga Portuguesa. O técnico destaca ainda o papel de Luís Filipe Vieira, com quem diz ter uma “sintonia perfeita”.

O Benfica ainda tem “muita coisa para ganhar”. A convicção de Rui Vitória foi deixada esta terça-feira na entrevista de balanço de época que deu à RTP. Por esse motivo, o técnico encarnado quer continuar na Luz.“Tenho a consciência que começámos um trabalho e que ainda há muito trabalho para fazer"

Na conversa com o jornalista Hugo Gilberto, o treinador de Vila Franca de Xira assume que uma época como esta é difícil de repetir, uma vez que vários recordes foram batidos, mas mantém a intenção de continuar no comando dos tricampeões nacionais.

“Tenho a consciência que começámos um trabalho e que ainda há muito trabalho para fazer e há muita coisa para ganhar pela frente. É isto que me orienta”, garante.

Os encarnados sabem já que ficarão sem Renato Sanches e que há jogadores como Talisca e Jonas que também poderão abandonar a Luz. Rui Vitória afirma estar preparado para esse futuro, mas admite que gostaria de “continuar com as equipas o maior tempo possível”.

O técnico garante que houve “sintonia perfeita” entre ele e o presidente Luís Filipe Vieira. Vitória afirma que sempre sentiu “uma tranquilidade no trabalho”, mesmo depois de um início conturbado de campeonato por parte dos encarnados.
Rui Vitória e Jorge Jesus
Depois de uma época marcada pela guerra de palavras entre os treinadores do Sporting e do Benfica, Rui Vitória pede que “não se metam as duas coisas no mesmo prato da balança”.

“Concluímos no final da época que os treinadores do Benfica e Sporting são duas figuras diferentes. Eu guio-me por aquilo que são as minhas convicções e ideias”, salienta o técnico.

“Falo e respondo a quem quero, quando quero e como quero. O meu guia acabo por ser eu a defini-lo. Não entrei, praticamente, em grandes bate-bocas”, defende-se o técnico. “Falo e respondo a quem quero, quando quero e como quero. O meu guia acabo por ser eu a defini-lo. Não entrei, praticamente, em grandes bate-bocas”

Rui Vitória admite que todo este processo não foi agradável, defendendo que a postura dos treinadores deveria ser diferente. O técnico afirma ainda que estava preparado para este clima.

O técnico sublinha que houve, nas conferências de imprensa, “uma procura constante de procura de polémica, de títulos que fossem entusiastas para quem lesse” e enquadrou o já famoso episódio da “lista de prioridades”. Uma lista na qual colocava Jorge Jesus “lá para nonagésimo”, atrás do motorista e do vendedor de pipocas.

“A escala de importância que acabámos por dar é dizer claramente que não interessava para o Benfica, para o treinador do Benfica e para o futebol português estarmos a discutir o que quer que seja”, explicita. “Aquilo que eu disse naquele momento é que aquilo não era importante”.
Copiou ou não copiou?
A acusação tem sido feita repetidas vezes por Jorge Jesus. Na resposta a Hugo Gilberto, o técnico encarnado refere não querer “alimentar coisas que são pouco importantes”, salientando que “o Benfica fez uma época muito boa”.

Depois de Jorge Jesus não ter congratulado o Benfica, Rui Vitória disse que “não o chocaria” congratular a equipa verde pela conquista do campeonato. O técnico encarnado teceu mesmo um elogio à equipa de Alvalade, reconhecendo que o adversário “ainda valorizou mais esta vitória”.

Sobre a época do FC Porto, Rui Vitória enfatiza que os dragões são um “grande clube e são sempre um candidato ao título”, recusando-se a especular quanto aos motivos para a má temporada da equipa da Invicta.

O técnico não rejeita a possibilidade de vir a treinar o FC Porto ou o Sporting, mas garante estar “satisfeitíssimo e realizado a trabalhar no Benfica”.
"Palmada de reprimenda"

Na entrevista à RTP, o técnico explicou que a próxima época está já a ser preparada e a um ritmo “bem acelerado”. Rui Vitória recusa entrar em especulações sobre eventuais contratações de novos jogadores.

Quanto à relação com o atual plantel, o técnico aponta que “tenho a proximidade quando tenho de ter e tenho distanciamento quando tenho de ter”."Houve alguns momentos em que se teve de dar uma palmada de reprimenda a outro. Isto é a vida de treinador”

“Falo tranquilamente quando tenho de falar e gritarei se assim for chamado”, garante o técnico.

Rui Vitória rejeita a ideia de que o campeonato foi ganho “a dar as mãos” ou a “fazer correntes, a acreditar e a pedir”.

“Houve muito trabalho. Houve muitos momentos em que se teve de dar uma palmada de conforto a um jogador e houve alguns momentos em que se teve de dar uma palmada de reprimenda a outro. Isto é a vida de treinador”, salienta Vitória.

Sobre a sua relação com o futebol, Rui Vitória assegura que a família está em primeiro lugar mas que, quando se chega ao balneário e há um jogo pela frente, “aquele jogo torna-se o mais importante”. “Há momentos em que se esquece tudo o resto”, afirma.
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