Angus Deaton inovou na análise do impacto das políticas públicas no consumo

por Lusa

O trabalho de Angus Deaton, hoje distinguido com o Nobel da Economia, "inovou muitíssimo na metodologia de análise do impacto das políticas públicas nos padrões de consumo", disse à Lusa Susana Peralta, professora na Universidade Nova de Lisboa.

Angus Deaton, de 69 anos, que tem nacionalidade britânica e norte-americana, foi distinguido "pela sua análise do consumo, da pobreza e do bem-estar", indicou o comité Nobel em comunicado.

"Para elaborar políticas económicas que promovam o bem-estar e reduzam a pobreza, devemos primeiro perceber as escolhas de consumo individuais. Angus Deaton melhorou esse entendimento melhor do que ninguém", afirmou.

Para Susana Peralta, Angus Deaton "é um economista do desenvolvimento, preocupado sobretudo com os pobres dos países pobres".

Antes do trabalho deste investigador, "a análise das políticas de desenvolvimento era feita sobretudo com base em teoria e depois a análise empírica era baseada em variáveis agregadas, que refletiam o agregado da população, explicou a docente da Nova School of Business and Economics.

"Angus Deaton revolucionou a nossa forma de olhar para essa política, na medida em que nos pôs a olhar para os dados família a família", explicou, acrescentando que o investigador da Universidade de Princeton se debruçou "sobre dados de inquéritos que são feitos em proximidade com as famílias" e "foi pioneiro na utilização desses dados".

Essa metodologia "permite-nos olhar para o impacto que as políticas têm em diferentes grupos da população", nomeadamente nos mais pobres, na medida em que o trabalho do investigador começou por ser aplicado aos países em vias de desenvolvimento, referiu Susana Peralta.

Hoje em dia, os que trabalham com políticas fiscais, com políticas sociais, com políticas de educação ou saúde, com todas as políticas que podem ter impacto nas famílias, "mesmo nos países desenvolvidos", já não o fazem "sem olhar para os dados em que a unidade de observação é família a família, em vez de olhar para o geral da população e esse é o grande contributo científico" do galardoado com o Nobel da Economia, apontou.

 

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