Ancara, 27 jul (Lusa) -- A autoridade turca de regulação financeira anulou a licença de um diretor de estudos de uma das principais sociedades de corretagem do país, devido à sua análise do golpe de Estado falhado de 15 de julho.
A Comissão dos Mercados Bolsistas (CMB) indicou na terça-feira, no seu sítio na internet, que a licença de Mert Ulker, diretor de estudos do corretor turco Ak Investment, tinha sido anulada porque não tinha "assumido as suas responsabilidades" na realização e publicação do estudo de 18 de julho.
Sem a licença, Mert Ulker não pode trabalhar nos mercados bolsistas turcos.
Esta anulação faz de Mert Ulker o primeiro trabalhador do setor financeiro privado a ser afetado pelas medidas de repressão posteriores ao golpe.
O estudo foi criticado no domingo por um jornal pró governamental, o Sabah, que o acusou de "propaganda negra" e reprovou a Mert Ulker ter emitido hipóteses sobre as pessoas por trás do golpe, afirmando mesmo que o Presidente Recep Tayyip Erdogan tinha conhecimento do mesmo.
Segundo o jornal, o analista teria repetido uma informação segundo a qual o Presidente previa servir-se do golpe para fazer uma limpeza no seio das forças armadas e reforçar o seu controlo do país.
Segundo o ministro do Interior, Efkan Ala, citado pela agência de notícias Anadolu, 15.846 pessoas tinham sido detidas desde o golpe de Estado. Um responsável turco indicou à AFP que três mil suspeitos já tinham sido libertados e que 8.113 continuavam em prisão preventiva.
A repressão estendeu-se nos últimos dias a jornalistas, juízes, procuradores e milhares de funcionários públicos que foram suspensos.
