Carlos Costa afirma que urgência prejudicou capacidade negocial face ao Santander

por Lusa

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, admitiu hoje que a necessidade de resolver o problema do Banif num curto espaço de tempo limitou a capacidade de o supervisor negociar um valor superior com o Santander Totta.

"Obviamente que em lógica de venda imediata os valores são inferiores. Neste caso, ainda por cima, é importante notar que, a menos que haja uma avaliação independente do seu valor económico real em situação de venda forçada, o que se aplica é uma regra geral da aplicação de um desconto, para não utilizar a palavra `hair cut` [corte], que neste caso foi de 66%", afirmou.

Esta declaração foi feita por Carlos Costa durante a sua audição no parlamento, depois de ter sido questionado por vários deputados acerca dos valores envolvidos na venda do Banif ao Santander Totta no âmbito da medida de resolução aplicada ao primeiro banco.

O banco que integra o grupo espanhol Santander adquiriu o Banif por 150 milhões de euros, um valor que tem sido muito criticado por responsáveis de vários quadrantes por ser considerado baixo.

O governador realçou por várias vezes que a principal prioridade do Banco de Portugal é assegurar a estabilidade do sistema financeiro e que isso só se tornou possível através da alienação rápida do Banif.

Uma vez que o Banco Central Europeu (BCE) decidiu retirar o estatuto de contraparte do Banif com efeitos a 21 de dezembro de 2015, o que impedia que este recorresse ao financiamento de Frankfurt, a resolução avançou durante o fim de semana anterior a essa data.

Até porque, conforme revelou aos deputados Carlos Costa, na semana que antecedeu a intervenção das autoridades, o Banif perdeu 960 milhões de euros de depósitos e "quase esgotou o acesso à linha de emergência do Banco de Portugal".

Questionado sobre se havia a possibilidade de o Santander Totta vir a concorrer à compra dos ativos do Banif que não quis na operação fechada em dezembro, e que passaram para um veículo que agora se denomina Oitante, o governador não excluiu essa possibilidade, o que causou a admiração de muitos deputados.

"Espero que haja bons compradores para os ativos da Oitante. E o comprador será o que apresentar a melhor proposta", limitou-se a dizer.

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