Centeno diz que convidou António Domingues no final de março

por Lusa

Lisboa, 29 jun (Lusa) - O ministro das Finanças disse hoje que convidou António Domingues para presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos no final de março, tendo a partir daí começado o trabalho de análise do futuro plano de negócios.

"O trabalho que foi feito foi de análise daquilo que seria um plano de negócios para a Caixa Geral de Depósitos com tudo o que isso implica", afirmou o ministro das Finanças, Mário Centeno, na comissão parlamentar de inquérito à Caixa, depois de ter revelado que convidou António Domingues para presidente do conselho de administração "no final de março de 2016".

Mário Centeno respondia a uma questão do deputado do PSD Hugo Soares, que interrogou o ministro das Finanças sobre se, depois de convidar António Domingues, lhe pediu para começar a trabalhar e a estudar sobre as reais necessidade de capitalização da CGD.

O deputado do PSD questionou ainda Mário Centeno sobre as entidades que estão a assessorar António Domingues - referindo a Mckinsey e um escritório de advogados de Lisboa - mas o ministro das Finanças assegurou que nem o Estado, nem a CGD contratou essa assessoria.

"O Estado não contratou essa assessoria e a CGD não contratou essa assessoria", disse Mário Centeno, acrescentando não saber quem contratou essa assessoria.

"É o primeiro grande mistério desta comissão, o senhor ministro não desmente que aquelas entidades estejam a assessorar o doutor Antonio Domingues, diz-me que não está a pagar enquanto tutela, que a CGD não está a pagar. Isso deixa-me muito preocupado", respondeu o deputado do PSD.

Pelo PCP, o deputado Miguel Tiago fez várias perguntas sobre a exposição da Caixa a outros grupos bancários e o peso dessa exposição nas necessidade de recapitalização do banco público, com o ministro a escusar-se a avançar com qualquer número, alegando não dispor essas informações.

Ainda em resposta ao deputado comunista, Mário Centeno confirmou que o encaixe financeiro obtido com a venda da Caixa Seguros não foi usada para pagar os chamados `CoCo`s` (instrumentos de dívida convertíveis em ações) como previsto.

O deputado do CDS-PP João Almeida acusou o Governo e Mário Centeno de causar um "problema reputacional" à CGD ao falar de forma sensacionalista "num buraco de 3 mil milhões de euros" sem o explicar, não referindo qual é a responsabilidade da administração, das opções do BCE nas taxas de juro ou da revisão em baixa de previsões económicas para os próximos anos.

João Almeida disse ainda que "é falso" que, como Mário Centeno reiterou hoje na comissão de inquérito, se trata de um desvio entre o que foi projetado e o que foi executado, argumentando o deputado centrista que "é entre uma previsão e outra previsão, a que o senhor ministro faz para 2017".

"Ou então, vai admitir o desvio em contas fechadas do final de 2015", sublinhou João Almeida.

O deputado centrista questionou ainda Mário Centeno sobre quando decidiu substituir a administração da Caixa.

"No final do primeiro trimestre, o Governo tem uma ideia daquilo que pode ser futuro da Caixa Geral de Depósitos e indica o processo de renovação do conselho de administração", respondeu Mário Centeno, acrescentando depois, em resposta a nova pergunta, não conseguir precisar em que data essa intenção foi comunicada à administração.

"Pode ter sido no dia 13 de abril", acrescentou.

Antes, o deputado do BE Moisés Ferreira questionou Mário Centeno sobre informações da situação da Caixa que lhe foram transmitidas pelo anterior Governo quando na transição entre o executivo PSD/CDS-PP e o atual executivo do PS.

"Não foi dado nenhum alerta para a Caixa Geral de Depósitos, dos rácios de capital e das necessidades de capital no final de 2015?", questionou.

Mário Centeno respondeu às várias questões sobre essa transmissão de pastas com ideia de que "havia outras urgências mais urgentes naquele momento", numa alusão ao Banif.

"O anterior Governo perante vários sinais deixou andar", acusou Moisés Ferreira, recordando que o programa eleitoral do PSD em 2011 e sugerindo se não estaria "a ser gizado um momento para abrir o capital da Caixa a investidores privados".

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