Centeno mantém silêncio sobre custo da recapitalização da Caixa

por Christopher Marques - RTP
Mário Cruz - Lusa

Um banco mais eficiente, com menos balcões e menos funcionários. Mário Centeno apresentou em linhas muito gerais o futuro da Caixa Geral de Depósitos. Sem previsões temporais, sem números concretos. Os valores avançados esta manhã pela Antena 1 não foram confirmados, com Centeno a salientar que as discussões continuam em Bruxelas.

A conferência estava marcada para as 15h30 no dia decisivo para o futuro da seleção no Europeu. A conferência terminou menos de 60 minutos antes de a equipa das quinas começar a jogar, sem trazer novidades.

O ministro das Finanças começou por sublinhar que o “setor financeiro é um parceiro de excelência no desenvolvimento da economia portuguesa”. De concreto, pouco avançou.

O Governo quer que a Caixa aumente a sua eficiência, simplifique a estrutura, assegure que o investimento feito pelo banco é “recuperado num período relativamente curto de tempo” e reforce os níveis de capital. Mário Centeno defendeu ainda que o banco deve ter um “modelo de gestão profissional, independente e responsável”.

“Exige-se à Caixa Geral de Depósitos a modernização da sua atividade comercial, o aumento da competitividade e a eficiência da sua estrutura operacional”, frisou.

Mário Centeno confirmou que o ajuste da atividade levará a um “ajuste de recursos”, onde está incluído “um plano alargado de pré-reformas e de redução do número de agências”.

Em resposta às questões dos jornalistas, Mário Centeno acrescentou que a redução de pessoal será feita de forma longa, como tem ocorrido nos outros bancos.
Quanto custa a recapitalização?
A Caixa Geral de Depósitos será agora governada por um Conselho de Administração, um Conselho Fiscal e uma Comissão de Remunerações, eleitos em assembleia geral. O plano de negócios e capital, frisou Centeno, continua a ser negociado com a Comissão Europeia.

O ministro das Finanças não avançou com valores, apontando apenas que uma parte do aumento de capital será utilizada para fazer face às imparidades e o restante será para redimensionar a atividade bancária do grupo. Mário Centeno também não confirmou os números avançados esta manhã pela rádio pública.

“Do sucesso e da forma como essas negociações e esse diálogo decorrer resultará aquilo que é a classificação deste processo de capitalização (…) como um investimento e, portanto, resultará dessa qualificação também o impacto no défice e na dívida desta operação”, explicou o governante.

A Antena 1 apurou que os planos foram já apresentados ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista Português. Em causa, um corte de 2.500 trabalhadores mas sem despedimentos, apenas reformas e rescisões amigáveis.

Reportagem de Frederico Pinheiro e Susana Barros - Antena 1

Aponta-se ainda para o fecho de 300 balcões, a maioria no estrangeiro. O Governo pretende injetar cerca de cinco mil milhões de euros no banco público, o equivalente a 25 anos de gastos com o rendimento social de inserção.
Ligação com África

Na conferência de imprensa, Mário Centeno agradeceu à equipa de José de Matos o trabalho desenvolvido na Caixa. Para o futuro, o Executivo quer um banco capaz de “diferenciar-se enquanto elemento fundamental do sistema financeiro português, contribuindo para a credibilidade e estabilidade do sistema”.

Mário Centeno quer um banco “centrado nos seus clientes”, “capaz de oferecer um conjunto de serviços e produtos financeiros de excelência e assumir-se como um parceiro privilegiado do projeto de desenvolvimento da economia portuguesa”.

Mário Centeno pretende ainda que o banco público apoie a internacionalização das empresas e redimensione a “área internacional, privilegiando o desenvolvimento da sua atividade em África”. Como objetivo de fundo, o desenvolvimento das relações comerciais entre os países de língua portuguesa.

O Ministério das Finanças prevê que a Caixa Geral de Depósitos regresse a resultados positivos “num futuro próximo”. “Num horizonte de cinco anos, a Caixa deverá ter um retorno de capital do Estado adequado, reduzir o custo de risco de crédito e os custos operacionais e aumentar o seu produto bancário”, explicou.

Em comunicado, os trabalhadores já fizeram saber que não estão a gostar da fórmula de reestruturação da instituição bancária. O sindicato considera que o Governo de António Costa está a transformar a Caixa num pequeno banco público, com pequena expressão no mercado.
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