CGD: "5,16 mil milhões de euros é quase como se fosse uma caixa nova"

por Rui Sá, João Fernando Ramos

A Caixa Geral dos Depósitos necessita de 5,16 mil milhões de euros para se recapitalizar. Dinheiro fresco serão 3700 milhões. Mil milhões podem vir de emissão de obrigações subordinadas a privados, para o restante o Estado vai ter que pedir dinheiro emprestado.
"É quase como se fosse uma caixa nova. O banco tem seis mil milhões de euros de capital", diz no Jornal 2 o analista de mercados Marco Silva.

No plano técnico o acordo com Bruxelas e Frankfurt deixa algumas dúvidas ao especialista ouvido pelo Jornal 2. O plano de recapitalização do banco público conta com uma emissão de dívida a privados. Um empréstimo obrigacionista que não confere direitos de voto aos detentores dos títulos mas que garantiria ao banco o capital necessário para fazer face às novas imposições do Banco Central Europeu quanto aos rácios de capital.

O ministro das finanças já esclareceu que estas seriam obrigações de "elevada subordinação" que garantem por um lado que o financiamento é feito em condições de mercado, e por outro que o controlo do banco se mantém 100% nas mãos do Estado.

"só existem dois tipos de obrigações. As subordinadas e as sénior. As primeiras não possibilitam que o capital seja contabilizado para efeitos de rácio. As segundas não permitem afirmar que o controlo público é absoluto", explica Marco Silva que diz "esta é uma bota que o governo ainda vai ter que descalçar, mas se o ministro afirma que foi tudo acordado com o BCE, só temos que esperar para ver".

Na frente política o Bloco de Esquerda garantiu já apoio ao governo no processo. O PCP quer mais explicações mas já deixou claro que recusa qualquer redução do número de trabalhadores.

Não é oficial mas fala-se na dispensa de 2500 trabalhadores e no encerramento de até 300 agências em Portugal e no estrangeiro.

Depois de recapitalizada a CGD terá que levar a cabo uma reestruturação que garanta lucros e rentabilidade do investimento feito. Esta é a condição obrigatória para que toda a operação não seja considerada uma Ajuda de Estado ao banco publico.

Pedro Passos Coelho, que na universidade de verão do PSD-Açores afirmou esta quinta feira que "conhece bem as necessidades da CGD" criticou todas as opções já conhecidas e acabou por ouvir o Presidente da República dizer que os valores, e condições do plano, são os que a atual oposição tem vindo a defender publicamente desde que deixou o governo.

O CDS quer conhecer melhor o plano e as implicações deste na dívida nacional. Dia 8 de setembro o caso é debatido na Assembleia da República.
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