Denunciantes do LuxLeaks julgados no Luxemburgo

por Lusa
Vincent Kessler - Reuters

Três cidadãos franceses começam esta terça-feira a ser julgados no Luxemburgo no âmbito do caso LuxLeaks, que expôs o esquema de benefícios fiscais a grandes empresas internacionais.

Dois funcionários da companhia PwC (PricewaterhouseCoopers), Antoine Deltour e Raphael Halet, assim como o jornalista Edouard Perrin são acusados de divulgarem milhares de documentos sobre empresas que obtiveram benefícios fiscais no Luxemburgo, evitando o pagamento de impostos nos países de origem.Os documentos mais relevantes foram divulgados em 2012 pelo jornalista Edouard Perrin na estação de televisão France2.

Os documentos do caso LuxLeaks foram tornados públicos em novembro de 2014 expondo empresas como a Apple, IKEA e Pepsi, que evitaram, através do Luxemburgo, o pagamento de impostos numa altura em que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, exercia o cargo de primeiro-ministro do Luxemburgo.

O antigo auditor da PwC Antoine Deltour é acusado de roubo de documentos que se encontravam nos computadores da empresa onde trabalhava, revelando os negócios secretos, esquemas de fuga aos impostos, segredos profissionais e processos de lavagem de dinheiro.

 

As autoridades do Luxemburgo esperam manifestações frente ao edifício do tribunal onde vai decorrer, até ao dia 4 de maio, o julgamento dos três implicados na divulgação da documentação."Interesse público"

Apesar de enfrentar uma pena entre cinco e dez anos de prisão, Deltour disse à France Presse que não está arrependido por ter exposto o escândalo.

O caso provocou uma grande pressão política durante as primeiras duas semanas de Juncker como presidente da Comissão Europeia.

Entretanto, a organização não-governamental Transparência Internacional, com sede em Berlim, pediu a anulação do julgamento que envolve Antoine Deltour, que ajudou a revelar os esquemas utilizados por 340 multinacionais.

"Deltour deveria ser protegido e receber elogios, e não ser julgado", disse na segunda-feira à noite o presidente da organização Transparência Internacional, Cobus de Swardt, através de um comunicado.

"As informações que foram reveladas são de interesse público", sublinha Cobus de Swardt, anunciando que foram recolhidas 125 mil assinaturas durante a campanha de apoio aos três franceses que começam hoje a ser julgados no Luxemburgo. 

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