"É possível capitalizar a CGD sem investir um único euro e sem abdicar de 100% do capital"

por Rui Sá, Marco Silva

"É possível capitalizar a CGD sem investir um único euro e sem abdicar de 100% do capital". No Jornal 2 Marco Silva explica - "colocam-se no mercado de capitais ações da caixa sem direito a voto mas com a garantia de distribuição de dividendos".
Este é um dos cinco cenários possíveis para capitalizar o banco público que necessitará de qualquer coisa como quatro mil milhões de euros.

O governo quer uma Caixa Geral de Depósitos forte e capaz de financiar a economia.
Em cima da mesa pode estar uma aumento de capital que pode chegar aos 4 mil milhões de euros.
O estado pode entrar com todo o dinheiro, só com parte ou até com nenhum e manter o controlo 100% público do banco.
No Jornal 2 mostramos-lhe quais os cenários possíveis para a operação.

CENÁRIO 1

O acionista assume o encargo da capitalização.
O acionista é o Estado. Desde logo terá que existir disponibilidade de dinheiro para o reforço de capital.
A Direção geral da concorrência Europeia tem que autorizar a operação não a considerando uma ajuda de Estado, mas um investimento.
A Comissão Europeia tem também que garantir que a injeção não será contabilizada para o défice. A operação pode representar, por si só, um buraco de 4,5% do PIB nas contas do país.
Reunidas estas condições a Caixa passa a ter disponibilidade financeira para prosseguir o seu negócio... Emprestar dinheiro à economia e com isso gerar os lucros que agora não tem.


CENÁRIO 2

Abre-se o capital a novos acionistas de pleno direito para injetar dinheiro fresco.
A CGD tem atualmente 5 900 mil milhões de euros de capital social. Quase 40% do banco passaria para as mãos de privados.
António Costa, e toda a esquerda que apoia o governo, é frontalmente contra este cenário.

CENÁRIO 3

Cria-se um Banco "Super Mau" que assume ativos tóxicos e limpa imparidades de todos os bancos.
A Caixa deixaria de necessitar de aumento de capital, mas o Estado teria que assumir o investimento no novo veículo já que o negócio, a exemplo do que aconteceu em Espanha, ou em Itália, não atrai privados.
O volume dos ativos tóxicos ultrapassa, segundo o Banco de Portugal, os 18 mil e 500 milhões de euros no conjunto da banca nacional.

CENÁRIO 4

A Caixa faz um empréstimo obrigacionista. O banco mantem-se 100% público.
Entra dinheiro, limpam-se os balanços, passa a existir disponibilidade para a atividade comercial: vender dinheiro... Mas no fim do prazo do empréstimo o banco teria que pagar os 4 mil milhões mais juros. Tornando a sua situação de novo problemática.

CENÁRIO 5

O banco público emite ações sem direitos de voto.
O Estado não investe um cêntimo e continua a ser o único dono.
Os privados entram com o dinheiro. Quase metade dos dividendos deixariam de reverter para o tesouro e seriam distribuídos pelos novos acionistas.
Para atrair interessados a injeção de capital tem que ser tal que garanta a capacidade de gerar de imediato lucros.
A solução, que recorre ao mercado de capitais, é adotada por grandes empresas mundiais... Nunca se mostrou viável para pequenos operadores.
Resolve-se o problema do banco público... Mas não o do sistema bancário nacional.
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