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FMI aponta para injeção de 40 mil milhões na banca espanhola

por RTP
Juanjo Martin, EPA

O governo espanhol poderá ativar já este fim-de-semana o pedido de resgate financeiro para recapitalizar o sistema bancário. Para hoje está prevista uma teleconferência dos ministros da Economia da Zona Euro. Espanha poderá vir a precisar de 40 mil milhões de euros. O relatório é do Fundo Monetário Internacional e coloca o país mais perto do resgate financeiro.

O FMI estima que o sistema financeiro espanhol necessite de pelo menos 40 mil milhões de euros para cumprir os novos requisitos de capitalização: "A análise demonstra que ainda que o núcleo do sistema seja resiliente, continua a haver vulnerabilidades em alguns segmentos", explica o Fundo num comunicado divulgado ao final da noite de ontem. O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, esteve nas últimas horas em contacto com o líder socialista, Alfredo Pérez Rubalcaba. Eduardo Madina, um deputado socialista, confirmou os contactos, mas disse desconhecer o teor da conversa.


O comunicado inicial foi divulgado três dias antes do previsto - deveria ser publicado apenas na segunda-feira - e horas antes de a imprensa internacional noticiar a teleconferência de ministros de Economia.

"A amplitude e persistência da deterioração económica pode implicar mais perdas bancárias. A completa implementação de reformas, bem com a criação de um travão público credível são fatores críticos para preservar a estabilidade financeira no futuro", considera.

Num cenário adverso, os bancos maiores teriam condições para a capitalização necessária, mas "vários bancos" (que não identifica) precisariam de "aumentar os seus colchões de capital em cerca de 40 mil milhões de euros para cumprir" com os novos requisitos europeus de Basileia III (core capital de 7 por cento).

As necessidades de capital poderiam ser maiores se incluíssem, segundo o FMI, custos de reestruturação e reclassificação de empréstimos, depois de concluídas as avaliações independentes que o Governo espanhol solicitou para o setor.

"Para avançar é crítico que se comunique cedo a estratégia para dar alternativas credíveis de falta de capital, e que é melhor que sejam sobrestimadas que subestimadas", defende no comunicado Ceyla Pazarbasioglu, vice-diretora do departamento monetário e do mercado de capitais do FMI.

No texto, a instituição saúda as medidas já tomadas pelo Governo espanhol para tentar sanear o setor financeiro, mas adverte de que mais passos adicionais serão necessários: "As autoridades espanholas aceleraram recentemente as reformas do setor financeiro para reduzir vulnerabilidades no sistema. Tomaram medidas para responder a alguns dos bancos mais problemáticos e estão a realizar avaliações independentes das carteiras, o que é um passo bem-vindo e pode ajudar a determinar mais necessidades de restruturação".
Antecipação da ajuda faz juros da dívida descerem
Os títulos de dívida soberana espanhola tiveram a sua primeira semana de ganhos num mês devido à convicção do mercado de que o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, vai conseguir um acordo com os líderes europeus para ajudar a banca.

A diferença na taxa de juro exigida pelos investidores para negociarem títulos de dívida espanhóis face aos alemães teve a maior queda desde janeiro, numa semana marcada pelo sucesso no leilão de dívida de quinta-feira, no qual o Tesouro conseguiu exceder o limite de 2 mil milhões proposto, depois do objetivo inicial de 2,5 mil milhões ter sido revisto.

O diferencial face aos títulos alemães, considerados a referência na zona euro, caiu 31 pontos-base, ou 0,31 pontos percentuais, esta semana, para 6,22 por cento, a maior queda desde a semana que terminou a 27 de janeiro, assinala a agência financeira Bloomberg, que atribui esta melhoria à convicção dos mercados de que a ajuda financeira a Espanha está para breve.

"O mercado está a comporta-se como se uma resposta positiva fosse iminente", disse o diretor do departamento responsável pela estratégia relativa às taxas de juro no Deutsche Bank, em Londres. "Os movimentos desta semana refletem o pensamento do mercado, segundo o qual haverá uma resposta política destinada à recapitalização dos bancos espanhóis", acrescentou, em declarações à Bloomberg.

De acordo com a mesma agência, haverá hoje uma teleconferência dos ministros das Finanças da zona euro para debater este tema, podendo a iniciativa resultar num pedido de ajuda por parte do Governo espanhol, que no entanto não confirma nem a reunião, nem o pedido de ajuda, o mesmo acontecendo com os líderes europeus.
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