Governo autoriza despesa extraordinária para transportar caixas negras do avião da TAP

por Lusa

O Ministério do Planeamento e das Infraestruturas garantiu hoje que a despesa extraordinária no transporte das caixas negras do avião da TAP para França será autorizada, depois do gabinete de investigação de acidentes ter denunciado não ter orçamento.

"Tratando-se de uma despesa extraordinária relacionada com segurança será obviamente autorizada", garantiu hoje à Lusa fonte oficial do ministério de Pedro Marques, que tem a tutela do organismo público que investiga acidentes e incidentes com aeronaves.

A Lusa noticiou hoje que o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) ia solicitar ao Governo "uma solução" para fazer chegar as caixas negras do avião da TAP à sua congénere francesa, por não ter meios financeiros para deslocar um investigador.

O diretor do GPIAA, Álvaro Neves, afirmou à Lusa que "a prática correta é um investigador transportar as caixas, ficar o tempo necessário para assistir à descodificação do seu conteúdo e depois regressar a Portugal com elas", mas o organismo não tem orçamento para pagar viagens e, por isso, tem que pedir autorização à tutela para a despesa extraordinária.

"Vamos entregar o ofício, em mão, à tutela [o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas] a solicitar uma solução", disse, explicando que a `leitura` das caixas negras é um passo "indispensável" no processo de investigação ao incidente de sábado à noite com um avião ATR, oriundo do Porto, quando aterrava no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

O "estrangulamento financeiro" do organismo público, que em 2016 viu o orçamento anual reduzido para 300 mil euros (antes era cerca de 500 mil euros) obriga "a pedir autorização para tudo".

"Não ter autonomia para despachar material ou deslocar um investigador no dia seguinte [ao de um incidente] não é aceitável", considerou Álvaro Neves, que está há três anos à frente do organismo.

O "incidente grave" de sábado, como foi caracterizado pelo GPIAA, veio demonstrar como a falta de recursos financeiros pode atrasar a missão do organismo, acrescentou, referindo que a equipa de investigadores está reduzida a metade - dois em vez de quatro -, com mais de uma centena de processos em curso.

Tópicos
pub