Grécia acusa FMI de minar acordo

por RTP
Primeiro-ministro Alexis Tsipras acompanhado de Olga Gerovasil Alkis Konstantinidis - Reuters

Atenas queixa-se de o Fundo Monetário Internacional estar a fazer exigências que estão fora do acordo de resgate, acusando a instituição de estar a minar os esforços do governo grego e das instituições europeias para um acordo sobre o terceiro resgate. A Grécia pediu uma cimeira de urgência dos líderes europeus, mas poderá avançar, sim, uma reunião de emergência do Eurogrupo.

As críticas vieram da porta-voz do Governo grego, Olga Gerovasili: “O Fundo Monetário Internacional está a fazer exigências que vão além do acordado. Estas exigências estão a minar os esforços tanto do Governo grego, como das instituições europeias”.

Gerovasili põe a tónica na recusa do FMI em aceitar uma proposta do Governo grego para a introdução de um mecanismo fiscal de correção automática e “apesar de ir ao encontro das pré-condições definidas pelo Eurogrupo na semana passada”.

Em causa está a exigência dos credores (FMI e instituições europeias) para que os gregos legislem sobre medidas de contingência para o caso de não serem atingidos os objetivos fiscais definidos. Uma lei que seria aprovada, mas que só seria implementada caso fosse necessário.

Sem este pacote de contingência, os credores recusam-se a desembolsar novos empréstimos ou discutir um alívio da dívida grega, algo necessário para não enfrentarem situações de falta de dinheiro para pagamentos.

A Grécia enfrenta ainda a necessidade de um total de 5 mil milhões de euros para pagamentos da dívida até meados de julho.

O Governo de Atenas diz não conseguir cumprir essas exigências, já que a Constituição não permite legislar sobre um acontecimento hipotético. Em contrapartida, os gregos apresentaram-se abertos a introduzir um mecanismo automático para corte de despesa caso os objetivos não fossem atingidos, algo que não é aceite pelo FMI.

Um porta-voz do FMI, contactado pela agência Reuters, afirmou não ter um comentário imediato a fazer à questão.

O desacordo sobre as medidas a aplicar levou ao colapso das negociações entre Atenas e os credores esta terça-feira e levou o líder do Eurogrupo a equacionar um encontro especial de ministros das Finanças da União Europeia na quinta-feira.
Cimeira ou Eurogrupo?
O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras expressou esta quarta-feira ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, o seu desagrado perante a insistência do FMI de medidas extra.

Tsipras pediu uma cimeira extraordinária dos líderes dos países da zona euro para discutir o terceiro resgate grego, caso uma reunião do Eurogrupo não fosse confirmada nas próximas horas, para “evitar um novo ciclo de incerteza na zona euro”., revelou o gabinete do primeiro-ministro grego. Tusk é o responsável pela convocação de cimeiras.

Donald Tusk veio entretanto deixar o apelo para que o Eurogrupo fixe uma data para o encontro dos ministros das Finanças.


“Estou convencido que ainda há trabalho que pode ser feito pelos ministros das Finanças”, referiu Tusk aos jornalistas. “Precisamos de evitar uma situação de renovada incerteza para a Grécia. Por isso, precisamos de uma data específica para a nova reunião do Eurogrupo. Não num futuro distante. Não estou a falar de semanas. Estou a falar de dias”, reforço o líder do Conselho Europeu, revelando que falou com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Esta quarta-feira, quando questionado sobre o desejo de Tsipras para uma cimeira especial, o ministro alemão das Finanças veio dizer que não a considera necessária. “O Eurogrupo é o Eurogrupo. E tem a sua área de responsabilidade e não estou informado de nada mais”.

“Há a percepção de que se não houver um acordo na próxima semana ou na seguinte, tudo vai ser adiado até depois do voto sobre o Brexit [referendo britânico]”, referiu à Reuters uma fonte próxima das negociações.
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