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Irão disposto a negociar sobre petróleo com a Arábia Saudita

por Graça Andrade Ramos - RTP
O Irão pretende produzir três milhões de barris de crude por dia no seu regresso aos mercados Yonhap/ EPA

Teerão admite negociar com a OPEP numa altura em que regressa aos mercados e assina vários contratos com empresas europeias para fornecer até 500 mil barris de petróleo por dia, já em 2016. O ministro iraniano para o Petróleo, Bijan Zangeneh, afirmou terça-feira à noite que o país está pronto para falar com Riade.

"Apoiamos qualquer forma de diálogo e de cooperação com os membros da OPEP, incluindo a Arábia Saudita", afirmou Zangeneh, citado pela imprensa iraniana.

A declaração fez disparar o preço do barril, que recuperou parte da queda de oito por cento registada na anterior sessão bolsista. Apesar disso, o preço do barril mantém-se no seu nível mais baixo na última década - cerca de 30 dólares e não se sabe o impacto que terá a produção iraniana.

Segundo o principal analista económico do Banco Mundial para a região do Médio Oriente e do Norte de África, Shantayanan Devarajan, um aumento de um milhão de barris por dia de petróleo iraniano poderá fazer o preço do crude diminuir mais 13 por cento ou cerca de três dólares por barril.
Trinta milhões de barris diários

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo - OPEP - não reagiu para já oficialmente ao anúncio de Zanganeh. A produção diária da organização cifra-se atualmente nos 30 milhões de barris de crude diários e nenhum dos produtores faz tenções de diminuir a produção.

Pelo contrário, a Arábia Saudita pretende incrementar a sua, assim como o Iraque. Para Teerão, a sobreprodução petrolífera tem motivações políticas.  Depois do levantamento das sanções internacionais devido ao acordo sobre seu programa nuclear, o Irão está a regressar aos mercados numa altura em que os principais produtores mundiais recusam reduzir a produção diária de 30 milhões de barris por dia.

O Irão aumentou em janeiro a sua produção de petróleo para quase três milhões de barris por dia, mais 80.000 do que em dezembro.

Afirma necessitar também de investimentos de 200 mil milhões de dólares para renovar a sua indústria petrolífera e  pretende garantir mais de 40 mil milhões em investimento estrangeiro, incluindo em exploração e desenvolvimento

De uma exportação de 300 mil barris por dia para os mercados da Europa o Irão espera crescer até atingir 500 mil barris. O restante será vendido na Ásia, sobretudo na Índia, na China e na Coreia do Sul.
Euros em vez de dólares
O Irão está também a negociar em euros em vez de dólares o pagamento do seu petróleo em novos contratos, com a francesa Total, com a espanhola Cepsa e a russa Litasco, libertando-se da dependência da moeda norte-americana.A anglo-suíça Glencore tornou-se a primeira companhia ocidental a negociar com o petróleo iraniano.


O contrato entre a National Iranian Oil Co e a francesa Total deverá ser assinado a 16 de fevereiro, com a empresa francesa a comprar 160 mil barris diários, revelou Zanganeh na segunda-feira.

O ministro diz que a Eni italiana deverá por seu lado comprar 100 mil barris de crude por dia a Teerão e os seus representantes vão deslocar-se brevemente ao Irão para negociar os novos contratos. A italiana Saras está também interessada em negociar fornecimentos de 60 mil a 70 mil barris por dia.

Ainda segundo o ministro iraniano do petróleo, Teerão está igualmente disposta a receber em euros o pagamento de dívidas de petróleo que ascendem a dezenas de milhares de milhões de dólares.

A grega Hellenic Petroleum, a italiana Saras e a holandesa Royal Dutch Shell devem ao Irão cerca de quatro mil milhões de dólares.
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